quinta-feira, 28 de junho de 2012

Desenvolvimento sustentável só será possível com investimento em equidade na infância

Diretor executivo do UNICEF, Anthony Lake, aproveitou a Rio+20 para defender que o mundo se pergunte o que a equidade pode fazer pelo desenvolvimento, e não o contrário

Rio de Janeiro, 22 de junho – A comitiva do UNICEF na Rio+20 encerrou hoje (22/6) sua participação na conferência, após uma semana de debates que buscaram caminhos para o desenvolvimento sustentável, reunindo líderes de diversas partes do mundo no Brasil.

Nas diversas mesas das quais participou, Anthony Lake fez questão de enfatizar a importância do investimento na redução das iniquidades, para que todas as crianças e todos os adolescentes tenham seus direitos garantidos.

“Um levantamento recente do Fundo Monetário Internacional (FMI) mostrou que, nas sociedades mais equitativas, o crescimento econômico é mais sustentável ao longo do tempo”, exemplificou Lake, na mesa Desenvolvimento sustentável em um mundo desigual.

“Se pudermos aumentar a vacinação para que menos crianças morram de doenças que sabemos como prevenir, se pudermos fornecer mais micronutrientes para que os jovens possam crescer fortes, se pudermos dar uma educação de qualidade a mais meninas e meninos, vamos dar às crianças e aos adolescentes em toda parte – para esta geração e à próxima – o começo de vida que eles merecem. E fazer o futuro sustentável com que eles sonham. Esse é o seu direito, a nossa responsabilidade e, espero, um legado da Rio+20”, completou o diretor executivo do UNICEF.


Educação para o desenvolvimento – A Rio+20 também contou com a participação do diretor global de Programas do UNICEF, Nicholas Alipui, que lembrou a importância da atuação conjunta para que os avanços aconteçam.

Alipui destacou, ainda, a importância da educação para o desenvolvimento sustentável. “Investir em educação – formal, informal, ou em pesquisa – é crucial para alcançar o desenvolvimento, a erradicação da pobreza, a equidade e a inclusão. Cada um dos três pilares do desenvolvimento sustentável – crescimento econômico, desenvolvimento social e proteção ambiental – é dependente da educação”, afirmou.

O diretor de Programas dividiu uma das mesas de debate com Artur Moreno, de 20 anos, que desde a adolescência participa da Plataforma dos Centros Urbanos, uma iniciativa desenvolvida na cidade do Rio de Janeiro e de São Paulo pelo UNICEF no Brasil.

Em sua fala, Moreno chamou atenção para as médias nacionais que medem o avanço dos países, em especial com relação aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. “Quando você olha para as médias nacionais, um país pode cumprir, por exemplo, a meta de saneamento básico, com 84% de cobertura. Mas eu sou parte dos 16% que ainda estão fora, que não têm escola, esgoto, asfalto ou rede de saúde na comunidade”, explicou.

Desafio Fome Zero – Durante a Rio+20, o UNICEF reafirmou seu compromisso com o programa Desafio Fome Zero: Alimentos para a Vida e a Vida dos Alimentos, lançado pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, que envolve diversas agências da ONU, empresas e governos.

Em debate com aliados do programa, Anthony Lake lembrou que a questão não se restringe à segurança alimentar, mas inclui principalmente a segurança nutricional, lembrando que a falta de alimentação adequada, em especial na primeira infância, pode causar danos irreversíveis para meninas e meninos.

“A insegurança alimentar gera uma fome oculta, que prejudica o corpo e o sistema cognitivo para sempre. E um prejuízo permanente, uma tragédia para essa criança e um desgaste para a sociedade”, destacou, lembrando que os que vivem nas comunidades mais desfavorecidas são os mais afetados.

Participação dos adolescentes – Outro aspecto muito enfatizado pela equipe do UNICEF na Rio+20 foi a importância da participação das crianças e dos adolescentes nos processos decisórios, já que eles serão os líderes do desenvolvimento sustentável para as gerações futuras. Essa posição foi também defendida por líderes de outras agências das Nações Unidas e pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, durante sessão conjunta nesta sexta-feira.

“As gerações mais novas não podem ser vistas como problema, mas como parte da solução”, discursou Lake, que também lembrou a necessidade de promoção do diálogo intergeracional para o desenvolvimento sustentável.

O jovem Artur Moreno, que, apesar de já ter deixado a adolescência, hoje trabalha para promover os direitos de outros meninos e meninas, concorda com o diretor executivo: “Somos nós que moramos nas comunidades, que sabemos onde estão os problemas e o que precisa ser feito”, afirmou.



Fonte: UNICEF
Publicado: Pró-Menino

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