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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Cresce o número de adolescentes na extrema pobreza, aponta Unicef

Relatório considera 21 milhões de brasileiros de 12 a 17 anos.  
17,6% vivem em família que ganha 1/4 de salário mínimo per capita.
 Tai NalonDo G1, em Brasília
O adolescente brasileiro está mais pobre e permanece exposto a casos de violência em nível preocupante, diz o relatório da Situação da Adolescência Brasileira do Fundo das Nações Unidas para a Infância, o Unicef, divulgado nesta quarta-feira (30) (veja íntegra do documento).
Dos 21 milhões de adolescentes brasileiros de 12 a 17 anos, 38% - cerca de 7,9 milhões - vivem em situação de pobreza, em  famílias com renda inferior a meio salário mínimo per capita por mês (R$ 272,5 considerando o salário mínimo atual). Os casos considerados mais graves estão entre os 3,7 milhões de adolescentes dessa mesma faixa de idade, o correspondente a 17,6% da população adolescente, que vivem na extrema pobreza, em famílias com até 1/4 do salário mínimo per capita por mês (R$ 136,25).

Os dados do Unicef mostram que a participação de adolescentes na faixa mais pobre da população aumentou. De 2004 a 2009, o número de adolescentes na extrema pobreza passou de 16,3% para 17,6%, em descompasso com a crescente redução da pobreza no país.
O Unicef utilizou dados oficiais do governo brasileiro para a obtenção das informações. O relatório, no entanto, constatou avanços na maioria dos indicadores analisados, dentre elas redução do número de adolescentes que só trabalham e não estudam, redução do analfabetismo entre adolescentes e redução do percentual de adolescentes que não estudam e não trabalham.
Evolução dos indicadores, entre 2004 e 2009
(Fonte: Unicef, com dados oficiais)
Indicadores2004 (em %)2009 (em %)
Adolescentes de 12 a 17 anos que não estudam e não trabalham6,65,4
Adolescentes de 12 a 17 anos que só trabalham4,83,4
Adolescentes de 12 a 17 anos que já tiveram filhos3,12,8
Nascidos vivos de adolescentes de 12 a 17 anos com no mínimo sete consultas pré-natais40,143,5
Adolescentes de 16 e 17 anos com ensino fundamental concluído (no mínimo oito anos de estudo)44,451,1
Adolescentes de 15 a 17 anos que frequentam o ensino médio44,450,9
Adolescentes de 12 a 17 anos não alfabetizados2,41,6
Adolescentes de 12 a 17 anos vivendo em famílias extremamente pobres (até 1/4 do salário mínimo)16,317,6
Taxa de abandono do ensino médio1611,5
Taxa de homicídios entre adolescentes de 12 a 17 anos (por 100 mil adolescentes)16,317,6
 Homicídio
As taxas de homicídio, no comparativo com 2004, mantiveram-se estáveis, mas ainda são as principais causas de morte na faixa dos 12 aos 17 anos.
Com base em dados divulgados pelo Ministério da Saúde, o Unicef observa que 19,1 meninos e meninas nessa faixa de idade em cada grupo de 100 mil pessoas do mesmo grupo de idade morreram vítimas de homicídio em 2009 - o equivalente a 11 assassinatos de adolescentes por dia no país. A cada 100 mil adolescentes, 43,2 deles morrem por homicídio.

Cor da pele e gênero
As condições de vida do adolescente se agravam quando são destacadas por cor da pele. Segundo o relatório, um adolescente negro tem 3,7 vezes mais risco de ser assassinado em comparação com adolescentes brancos. A mesma lógica se aplica entre adolescentes indígenas em casos de analfabetismo: as chances são três vezes maiores do que a dos adolescentes em geral.
As distorções por gênero também merecem atenção, de acordo com o Unicef. Existem 10 casos de meninas infectadas por HIV para cada 8 de meninos. São os meninos, contudo, que apresentam a maior taxa de analfabetismo: 68,4% não sabem ler e escrever.
Regiões
Conforme o relatório, a situação de pobreza é maior na Amazônia, que concentra 38% dos adolescentes pobres no país. Já o semi-árido lidera nos índices de distorção idade-série, com 35,9%. Entre os grandes centros urbanos, o destaque é São Paulo, com média de 10,7 homicídios de adolescentes entre 10 e 19 anos para cada grupo de 100 mil adolescentes.

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