Por: Tribuna da Conquista [04/10/2011]
*José Nunes Neto
*José Nunes Neto
No dia 11/02/11 a Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista
realizou uma reunião para se discutir o “disciplinamento” do horário de
funcionamento de restaurantes e bares em Vitória da Conquista. Em
Itiruçu isso se chama toque de recolher.
Participaram da reunião na prefeitura a cúpula da administração
municipal, membros do conselho de segurança da cidade e alguns policiais
militares. Não havia na reunião donos de restaurantes, proprietários de
lanchonetes, garçons de bares, lancheiros de trailers ou gerentes de
lojas de conveniência. Gente diretamente interessada nesse debate.
Membros do governo municipal apresentaram dados (sabe-se lá aferidos
por qual órgão ou Ong) que dizem que os casos de violência em nossa
cidade estão ligados ao consumo de bebida alcoólica. Essa apresentação
da Prefeitura usou como comparativo os dados da cidade de Diadema, na
Grande São Paulo, que historicamente é uma cidade violenta.
Existe um problema de violência em
Vitória da Conquista que se acentuou nos meses de janeiro e fevereiro de
2011, e se busca uma justificativa para tal. A Prefeitura pelo visto
resolveu culpar os restaurantes e bares da cidade pela escalada da
violência. Isso é um engodo.
Os responsáveis pelo governo municipal deveriam na verdade fazer uma
reavaliação sobre a equivocada política social promovida pela Prefeitura
desde 1997, quando se criou uma falsa eficiência dos programas sociais
municipais e na verdade estavam jogando a sujeira pra debaixo do tapete.
Tome-se como exemplo o conjunto habitacional da Vila América que foi
criado pelo poder público sem nenhuma preocupação com as conseqüências
sociais.
Ruas sem asfalto, casas sem esgotamento sanitário, jovens sem quadras
de esporte, pessoas sem praças de convivência. Hoje a Vila América é um
dos maiores focos de violência da cidade. A violência é reflexo direto
do social. É o Estado gerando problema para o próprio Estado.
Esses tomadores de decisão da Prefeitura julgam que para o pobre
qualquer coisa serve, então fazem a coisa de qualquer jeito sem se
preocupar com o amanhã. Agora eles se reúnem para eleger um culpado como
se a violência de Vitória da Conquista tivesse como causa as pessoas
que saem à noite para divertir. Essa intervenção seria um absurdo, um
precedente perigosíssimo. Esperamos que a ética e o bom senso prevaleça.
*José Nunes Neto – estudante de Jornalismo da Uesb
*José Nunes Neto – estudante de Jornalismo da Uesb
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