A médica sanitarista e fundadora das pastorais da Criança e da Pessoa Idosa, Drª Zilda Arns Neumann, 75, era irmã do arcebispo emérito de São Paulo (SP), cardeal dom frei Paulo Evaristo Arns. A médica se encontrava no Haiti a convite da Conferência dos Religiosos daquele país e era acompanhada de sua assessora, irmã Rosângela Altoé. Segundo informações do filho de Drª Zilda, Rubens Arns, ela ainda teria outros compromissos no Panamá. Ainda não há informações sobre irmã Rosângela. Zilda foi atingida por destroços de um prédio consequentes do terremoto que acometeu o país, quando ela caminhava com soldados brasileiros pelas ruas de Porto Príncipe, nesta terça-feira, 12. Sensibilizado pelo ocorrido, o secretário-geral da CNBB, Dimas Lara Barbosa, seguiu para Porto Príncipe em um voo da Força Aérea Brasileira (FAB) juntamente com a delegação da presidência da República.
Foram confirmados também a morte de quatro militares brasileiros. De acordo com o Exército Brasileiro, são eles: o 1º tenente Bruno Ribeiro Mário, o 2º sargento Davi Ramos de Lima, o soldado Antônio José Anacleto e o soldado Tiago Anaya Detimermani, todos do 5° batalhão de Infantaria Leve, com sede em Lorena (SP). Todos eles estavam fora da base no momento do terremoto.
Drª Zilda Arns
Viúva desde 1978, Drª Zilda era mãe de cinco filhos, dos quais quatro estão vivos: Rubens, Heloísa, Rogério e Nelson e avó de quatro netos. Pela Pastoral da Criança, organismo de ação social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), vinculado à Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, Justiça e Paz, fundada oficialmente em 1983, Drª Zilda era motivadora das ações desenvolvidas pela Pastoral, cujo trabalho é exercido por voluntários, membros da própria comunidade, que acompanham famílias, procurando orientar e conscientizá-las sobre seus direitos e deveres, bem como o desenvolvimento infantil.
As ações também são desenvolvidas no sentido de melhorar as condições das famílias, como exemplo o estímulo à alfabetização e escolarização dos adultos e ações de geração de renda. Para que essas ações se concretizem, a Pastoral da Criança visita periodicamente as famílias e atua junto aos Conselhos Nacional, Estadual e Municipais de Saúde, Direitos da Criança e do Adolescente, segurança alimentar, entre outros.
Fundação da Pastoral da Criança
Os primeiros trabalhos da Pastoral da Criança tiveram início em 1983, na paróquia de São João Batista, em Florestópolis, na arquidiocese de Londrina (PR). A ideia inicial da Pastoral surgiu de um encontro entre dom Paulo Evaristo Arns e o então diretor executivo da Unicef, James Grunt, que sugeriu à Igreja Católica no Brasil de organizar uma ação para combater a mortalidade infantil. Daí dom Paulo convocou sua irmã, Zilda Arns, com o apoio do então arcebispo de Londrina, hoje cardeal arcebispo de Salvador (BA), dom Geraldo Majella Agnelo, para dar início à ação.
O trabalho teve início em Florestópolis, porque o município à época foi eleito um dos piores em índices de mortalidade infantil no país, com taxas de 127 crianças para cada mil nascidas. Os primeiros resultados vieram logo após um ano de intenso trabalho no município.
Ação da Pastoral da Criança, hoje
Atualmente, cerca de 260 mil voluntários desenvolvem trabalhos pela Pastoral da Criança, acompanhando o desenvolvimento de 1,8 milhões de crianças, na faixa-etária de zero a seis anos. São atendidas também aproximadamente 94 mil gestantes em 42 mil comunidades pobres, de 4.066 municípios, em todos os estados brasileiros. Desde 2008, Drª Zilda Arns deixou a coordenação nacional da Pastoral, passando a assumir a Pastoral da Pessoa Idosa, que ela também fundou e a direção internacional da Pastoral da Criança. Está à frente da coordenação nacional, a irmã Vera Lúcia Altoé.
Premiações
Drª Zilda recebeu as premiações Heroína da Saúde Pública das Américas, concedido pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), em 2002; a medalha Simón Bolívar, da Câmara Internacional de Pesquisa e Integração Social, em 2000; o prêmio Social da Câmara de Comércio Brasil-Espanha, em 2005; o Prêmio Humanitário 1997 do Lions Club Internacional; o Prêmio Internacional da OPAS em Administração Sanitária, em 1994. Esses foram os prêmios internacionais.
No Brasil, entre outros, Drª Zilda foi premiada com o diploma Mulher Cidadã Bertha Lutz, do Senado Federal, em 2005; o diploma e medalha O Pacificador da ONU, Sérgio Vieira de Mello, concedido pelo Parlamento Mundial de Segurança e Paz, em 2005; o troféu de Destaque Nacional Social, principal prêmio do evento As mulheres mais influentes do Brasil, promovido pela Revista Forbes do Brasil com o apoio da Gazeta Mercantil e do Jornal do Brasil, em 2004. No mesmo ano, em Florianópolis, ela recebeu a medalha de Mérito em Administração, do Conselho Federal de Administração. Do Governo de Minas Gerais, ela foi agraciada com a medalha da Inconfidência e o título acadêmico Honorário, da Academia Paranaense de Medicina, em Curitiba (PR), em 2003.
(Fonte CNBB, publicado em 13/01/2010 http://www.cnbb.org.br/ ).
Um comentário:
É sem dúvida uma perda irreparável. A Dra. Zilda Arns grande defensora das crianças, é uma verdadeira expressão de amor e solidariedade.
"Deus dá a felicidade, mas o homem tem que percebê-la".
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