Publicado em fevereiro 25, 2011 por HC
De acordo com o estudo Mapa da Violência 2011, divulgado ontem (24)
pelo Ministério da Justiça, a taxa de homicídio entre pessoas de 15 a
24 anos subiu de 30 mortes por 100 mil jovens, em 1998, para 52,9, em
2008. Nesse período, o número total de homicídios registrados no país
cresceu 17,8%, ao passar de 41,9 mil para 50,1 mil.
No primeiro lugar do ranking aparece El Salvador, com 105,6 mortes
violentas em cada grupo de 100 mil jovens. Em seguida vêm as Ilhas
Virgens (86,2), a Venezuela (80,4), Colômbia (66,1) e Guatemala (60,6).
De acordo com o autor da pesquisa, Julio Jacobo, os homicídios são
responsáveis por 39,7% das mortes de jovens no Brasil. O estudo aponta
que as taxas mais elevadas, acima de 60 homicídios em cada grupo de 100
mil jovens, estão na faixa dos 19 aos 23 anos de idade. “O jovem morre
de forma diferente na atualidade. A partir da década de 1980, houve um
novo padrão de mortalidade juvenil”, destacou o pesquisador.
Em alguns estados, a morte de mais da metade de jovens foi provocada
por homicídios. Alagoas é o estado que tem a taxa de homicídio juvenil
mais alta do país (60,3), seguido pelo Espírito Santo (56,4), por
Pernambuco (50,7), pelo Pará (39,2) e Amapá (34,4).
Segundo Jacobo, os índices de homicídio nas capitais e regiões
metropolitanas tiveram uma queda de 3,1% entre 1998 e 2008. No entanto,
houve um crescimento considerável das taxas no interior do país.
“Chamamos isso de interiorização da violência. A partir de 2003, ocorreu
uma queda das taxas de homicídios nas capitais, no entanto, as taxas de
homicídio no interior estão crescendo assustadoramente.”
Para o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, esse quadro de
violência entre jovens no país exige das autoridades públicas uma
profunda reflexão. “Isso coloca sobre os nossos ombros desafios, aos
quais temos que responder com integração e superação de obstáculos, para
que possamos ter uma política nacional de combate à violência que surta
efeitos.”
Cardozo anunciou que vai desenvolver um sistema de informação que
mostre o mapa da violência em tempo real. “Apesar de todo esforço dos
pesquisadores, as bases de dados disponíveis são de 2008. Temos uma
defasagem de três anos. Não temos uma situação atualizada em tempo real
do crime. É impossível ter uma ação de segurança pública sem
informação.”
Segundo ele, a política de repasse de verbas para a área de segurança
aos estados será feita com base nesse sistema. “A ideia é que isso seja
transparente, ou seja, que a sociedade possa acompanhar em tempo real
onde acontecem os crimes.”
Reportagem de Daniella Jinkings, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 25/02/2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário