A falta de capacitação permanente dos agentes
socioeducadores em como lidar com menores infratores usuários de drogas e
como encaminhar estes jovens para o tratamento adequado tem preocupado
os membros do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema
Carcerário (DMF) do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Em reunião realizada na última quinta-feira (23/1), o juiz auxiliar
da Presidência do CNJ Márcio da Silva Alexandre disse que é comum,
durante visitas às unidades de internação, encontrar agentes
penitenciários trabalhando nestes estabelecimentos, ao invés de agentes
socioeducadores. Estes agentes, segundo o magistrado, muitas vezes atuam
sem um treinamento específico sobre como proceder e para onde
encaminhar jovens dependentes químicos que estão cumprindo medidas de
internação.
Participaram da reunião - convocada pelos juízes auxiliares da
Presidência que atuam no DMF, Márcio da Silva Alexandre e Marina Gurgel -
os representantes da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas
(Senad), da Secretaria de Direitos Humanos, do Conselho Nacional do
Ministério Público (CNMP), do Ministério da Saúde, da Defensoria
Pública, do Governo do Distrito Federal e da Universidade de Brasília
(UnB).
De acordo com a pesquisa Panorama Nacional – A Execução das Medidas Socioeducativas de Internação, divulgada pelo CNJ em 2012, 75% dos jovens internados nestas unidades são usuários de drogas ilícitas. O uso de drogas, segundo Andrea Gallassi, coordenadora de um centro de referência para o tratamento de usuários de drogas em Ceilândia/DF, tem contribuído para a reincidência dos adolescentes no crime.
De acordo com a pesquisa Panorama Nacional – A Execução das Medidas Socioeducativas de Internação, divulgada pelo CNJ em 2012, 75% dos jovens internados nestas unidades são usuários de drogas ilícitas. O uso de drogas, segundo Andrea Gallassi, coordenadora de um centro de referência para o tratamento de usuários de drogas em Ceilândia/DF, tem contribuído para a reincidência dos adolescentes no crime.
“Na maioria das unidades da federação nós não vemos o poder público
chegando até a ponta do problema”, afirmou o juiz auxiliar do CNJ, que
defendeu uma aproximação entre o Sistema Nacional de Atendimento
Socioeducativo (Sinase), o sistema de saúde e os órgãos do sistema de
Justiça. “Se nós não cuidarmos desse adolescente envolvido com drogas
nas unidades de internação ou vamos ter que enterrá-lo ou precisaremos
lidar com ele no sistema penitenciário”, disse o magistrado.
A intenção do CNJ é formatar um curso para estes agentes, que possa
ser difundido em todo o país. O curso incluiria conteúdos de direitos
humanos, do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), da Lei do
Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE) e da Política
Nacional sobre Drogas. O projeto piloto deve ser desenvolvido
simultaneamente no Distrito Federal e no estado de Alagoas.
Nas próximas semanas, um grupo começará a discutir o conteúdo a ser
ministrado no curso. A proposta para o treinamento deve ser apresentada
em março, em uma nova reunião, já agendada.
Tatiane Freire
Agência CNJ de Notícias
Agência CNJ de Notícias
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