AE - Agência Estado
Foto:www.casadomenor.org.br
Pela primeira vez, 20 anos depois da criação do Estatuto
da Criança e do Adolescente (ECA), o Brasil conseguiu traçar o perfil
de crianças e adolescentes que trabalham ou dormem nas ruas do País. São
23.973 espalhados pelas 75 cidades brasileiras com mais de 300 mil
habitantes. E 63% foram parar lá por causa de brigas domésticas.
Os resultados, ainda inéditos e obtidos com exclusividade pelo jornal
O Estado de S. Paulo, vêm do censo nacional encomendado pela Secretaria
de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH) e pelo Instituto
de Desenvolvimento Sustentável (Idesp). "O resultado ainda precisa ser
aprovado pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente
(Conanda). Servirá para a criação de uma política nacional para essa
população, a partir de cinco grandes encontros nas diferentes regiões do
Brasil", diz Marco Antonio da Silva, conselheiro do Conanda e diretor
nacional do Movimento de Meninos e Meninas de Rua.
A pesquisa ajuda a aprofundar as causas que levam as crianças e os
jovens para as ruas, além de permitir conhecer quem são. Conforme os
resultados, 59% dos que estão na rua voltam para dormir na casa dos
pais, parentes ou amigos, o que indica que a rua é vista por muitos como
um local para ganhar dinheiro, por meio de esmolas e venda de produtos,
entre outras ações. "Hoje há um consenso de que o dinheiro dado para a
criança na rua a estimula a voltar no dia seguinte, assim como incentiva
os pais a forçarem o jovem a continuar. A sociedade precisa abandonar
essa visão de caridade", diz Marcelo Caran, coordenador da Fundação
Projeto Travessia.
Para reverter esse quadro são necessários trabalhos técnicos voltados
à reestruturação familiar, à resolução de conflitos dentro da casa e
nas comunidades onde vivem os jovens, suporte escolar e medidas de saúde
voltadas principalmente à dependência de drogas. Conforme os dados, as
brigas verbais com pais e irmãos (32,2%), a violência doméstica (30,6%) e
o uso de álcool e drogas (30,4%) são os motivos principais que levam os
jovens às ruas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadão
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