segunda-feira, 29 de março de 2010

Números da Pastoral da Criança no Brasil



Zilda Arns – A Guardiã das Crianças 
Médica pediatra e sanitarista, essa brasileira com 50 anos de medicina e 75 anos de idade foi uma dos milhares de vitimas do terremoto que se abateu sobre Porto Príncipe, capital do Haiti, em 12 de janeiro. Fora convidada a falar sobre seu trabalho para uma conferência de religiosos. Morreu como viveu, na luta por uma sociedade mais solidária, negociando a exportação do que o Brasil tem de melhor: a eficiente metodologia desenvolvida por ela na Pastoral da Criança, capaz de reduzir de forma surpreendente e significativa a mortalidade e a desnutrição na primeira infância.
“Como os pássaros, que cuidam de seus filhos ao fazerem um ninho no alto das árvores e nas montanhas longe dos predadores, das ameaças e dos perigos, e mais perto de Deus, devemos cuidar de nossas crianças como um bem sagrado, promover o respeito a seus direitos e protegê-los”
(último parágrafo da palestra da Dra. Zilda Arns Neumann feita em Porto Príncipe, pouco antes de morrer) 
RECONHECIMENTO
Zilda Arns foi indicada quatro vezes ao Prêmio Nobel da Paz;
Recebeu 08 prêmios nacionais e 16 internacionais, entre eles o de  “Heroína Mundial da Saúde Pública”, outorgado pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), entidade da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Esta é a sua história
A história de Zilda Arns começou em Forquilhinha, em Santa Catarina, núcleo de colonos alemães fundado no inicio dos 1900 pela família Arns, onde nasceu, décima segunda filha de 13 irmãos. Sua trajetória, porém, ganhou marco importante quando ela recebeu um telefonema em maio de 1982.
Então viúva havia cinco anos, estava em casa reunida com os cinco filhos (entre 09 e 19 anos) quando o telefone tocou. Era seu irmão, d. Paulo Evaristo Arns, na época cardeal-arcebispo de São Paulo, recém-chegado de uma reunião da ONU em Genebra, onde ouvira falar dos “milagres” operados pelo soro oral – uma simples mistura de água, açúcar e sal –, considerado o maior avanço da medicina no século XX, capaz de evitar a desidratação provocada pela diarréia, uma das principais causas da mortalidade infantil no mundo.
Ele ligava para pedir que ela, com a experiência adquirida ao longo de anos de um combate pessoal para diminuir a morte prematura de crianças, pensasse na melhor forma de ensinar as mães brasileiras a preparar e administrar a seus filhos a mistura salvadora.
Diante do desafio proposto, a Dra. Zilda lembrou-se da metodologia que Jesus usou para saciar a fome de 5 mil homens, sem contar mulheres e crianças, narrada na Bíblia. Ele pediu que a multidão fosse dividida em pequenos grupos de 50 a 100 pessoas – portanto, em pequenas comunidades – antes de operar o milagre da multiplicação de dois peixes e cinco pães em alimento para todos.
Nascia assim a estratégia adotada pela Pastoral da Criança, um organismo de ação social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, fundada em setembro de 1983 sob a liderança de Zilda Arns com o objetivo de reduzir a desnutrição e a mortalidade infantil, e de promover o desenvolvimento integral da criança até os 06 anos.
“Tive a segurança”, contou a Dra. Zilda na ultima palestra, minutos antes de morrer, “de seguir a metodologia de Jesus: organizar o povo em pequenas comunidades; identificar líderes, famílias com mulheres grávidas e crianças menores de 06 anos. Os líderes que se dispuseram a trabalhar voluntariamente nessa missão de salvar vidas seriam capacitados, nesse espírito de “fé e vida”, e preparados técnica e cientificamente em ações básicas de saúde, nutrição, educação e cidadania”.
O estimulo ao aleitamento materno e a chamada multimistura – complemento alimentar rico em vitaminas e minerais, à base de farelos de arroz e trigo, folha de mandioca e sementes de abóbora, criado há três décadas pela pediatra e nutróloga Clara Brandão – também foram decisivos para a redução das mortes prematuras.
É possível afirmar que em 26 anos de aplicação no Brasil, o método da Dra. Zilda também operou milagres: não só diminuiu a mortalidade e a desnutrição como educou mães, formou líderes, multiplicou conhecimento, semeou cidadania e vem sendo replicado em cerca de 20 países. Hoje, sem dúvida, tal método é o melhor produto brasileiro de exportação.



NÚMEROS DA PASTORAL DA CRIANÇA NO BRASIL
EM 1982 havia:
50% de desnutridos
82,2 mortes por 1.000 nascimentos

EM 2009:
3,1% de desnutridos
13 mortes por 1.000 nascimentos

ATENDIMENTOS DESDE A FUNDAÇÃO ATÉ HOJE:
Crianças: 1.895.247
Grávidas:   108.342          
Famílias: 1.553.717
Comunidades Atendidas: 42.000
VOLUNTÁRIAS: 260.000 (92% são mulheres)
(Fonte: Discurso proferido por Zilda Arns no Haiti, em 12 de janeiro)

Fonte de Pesquisa: Revista de Bordo do Grupo Itapemirim – ano 11/ n° 128/ Fevereiro 2010 – Por Penha Moraes

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