Recente
pesquisa da BBC de Londres identificou que o Brasil tem sido um dos 27
países que influencia positivamente o mundo. Entretanto, as vésperas de
completarmos 21 anos da promulgação do Estatuto da Criança e do
Adolescente lei 8069/90, dezesseis anos do início da Campanha
para o Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e
Adolescentes, o quadro de proteção a população infanto-juvenil
não faz jus a esta constatação. No país do futebol, do carnaval, da
corrupção, do sucateamento da educação continuamos com a temática da
exploração e violência sexual contra crianças e adolescentes.
Os números
mostram o inferno a que estão submetidas as nossas crianças. Dados do
Disque Denúncia Nacional (Disque 100) indicam que, desde maio de 2003
até março deste ano, foram feitas mais de 63 mil denúncias de abuso. A
Bahia é o Estado que registra mais ligações (7.708), seguido por São
Paulo (7.297) e Rio de Janeiro (5.563). Infelizmente, não há dados
oficiais sobre o número exato de crianças e adolescentes que vivem essa
realidade no país.
Em 2010
foram registrados 12.487 casos de violência sexual contra crianças e
adolescentes. No primeiro trimestre de 2011, já houve 4.205 casos, sendo
a maioria das vítimas do sexo feminino. Apesar de várias campanhas de
combate à pedofilia, este parece ser um ano muito sombrio, as pessoas
têm ignorado o assunto e por isso o demônio da pedofilia segue atuando,
destruindo e aterrorizando muitas famílias, gerando sofrimento, pois há
confusão, desinformação, medo e vergonha.
Há uma evolução, em 2006, registrou-se denúncias de 882
municípios, em 2010 foram de 4.886. Entre 2003 e 2010 o Disque 100
realizou um total de 2.556.775 atendimentos e encaminhou 145.066
denúncias de todo o país.
No Brasil e
no mundo a pedofilia avança de forma preocupante na internet, são
inúmeros os casos de denúncias, violência contra menores de idade
seguidos de abuso sexual.
As
pesquisas e registros constatam que cerca de 70% dos estupros ocorrem no
âmbito familiar, as crianças normalmente começam a ser abusadas
sexualmente aos 7 e 8 anos. Ao completar 12, 13 anos, elas começam a ter
noção de sexualidade falam sobre o abuso com a mãe ou vizinhos. Se a
vítima é criança, o caso é descoberto quando alguém flagra ou percebe o
comportamento alterado dela.
Para
intervir precisamos saber - Qual a diferença entre abuso sexual e
exploração sexual?
O abuso é
qualquer ato que ofenda a pessoa, extrapolando os limites do
desenvolvimento ou exercício autônomo e sadio de sua sexualidade,
visando unicamente à satisfação de um desejo sexual próprio do agressor,
ou seja, no abuso sexual, o agressor procura unicamente satisfazer seus
desejos mediante a violência sexual.
Por sua
vez, a exploração é a obtenção de alguma vantagem, financeira ou
não, diversa do prazer oriundo da violência. Caracteriza-se por ser uma
relação mercantil, em que o agredido é considerado mera mercadoria.
Mas
afinal - Quem é o explorador? É um criminoso comum.
Os principais violadores não são desconhecidos, são pessoas
que vivem próximas ou, na maioria das vezes, aquelas em que a vítima
mais confia. No Brasil, a cada oito minutos uma criança é vítima de
abuso sexual. De acordo com o Ministério da Justiça, 60 mil crianças são
violentadas sexualmente por ano e 82% têm entre 2 e 10 anos e, em 90%
dos casos, o violador é um membro da família - pai biológico, padrasto,
tios, avôs ou irmãos.
O quadro
pode ser modificado portanto, A
bola está com
você - Violência Sexual Contra
Crianças e Adolescentes: O que você tem a ver com isto? Tudo! O
primeiro passo é não calar-se, porque tem coisas que não dá para fingir que não vê. Violência sexual contra crianças e adolescentes é crime.
Precisamos
incentivar a denúncia, pois “Quem cala, consente” e buscarmos soluções
conjuntas para o drama vivido por muitas meninas e meninos. Não
basta ser apenas no período de carnaval, quando milhões de pessoas
circulam pelas ruas das cidades ex: Salvador, Rio de Janeiro, Recife.
Precisamos identificar e combater diariamente as redes interestadual e
municipal de exploração sexual infanto-juvenil no Brasil.
Você pode
contribuir na sua cidade procurando através dos Conselhos Municipais dos
Direitos da Criança e do Adolescente, Conselho Tutelar, de Assistência
Social, Delegacias de Polícia, Vara da Infância, CRAS e CREAS. Quais
afinal são as políticas públicas, visando à prevenção e o combate à
rede exploratória, bem como a garantia do cumprimento do Estatuto da
Criança e do Adolescente em sua cidade?
É possível
constatarmos que as mobilizações têm gerado denuncias, mas
lamentavelmente a maioria dos municípios brasileiros não dispõe das
Varas Criminais Especializadas da Infância e Juventude, impedindo a
celeridade na apuração e julgamento dos crimes.
Precisamos
saber - Quais os serviços disponíveis as vitimas e abusadores?
Setores
apontados como facilitadores da exploração sexual nos Estados também tem
sido sensibilizados ao longo das mobilizações, caminhoneiros,
desestimulando o transporte de adolescentes e alertando para o perigo de
facilitar a exploração de meninas, postos de gasolinas e bares em beira
de estradas, entrada de cidades e casas noturnas.
Precisamos
fortalecer as ações com o apoio do Governo do Estado, das Prefeituras
Municipais e Universidades, incluindo a campanha em seus discursos e
políticas oficiais, na formação continuada das Polícias Federal, Militar
e Civil para assumirem papéis estratégicos no enfrentamento da questão
e, também, os profissionais da Educação tem papel importantíssimo nesta
luta, desenvolvendo ações de formação, prevenção e orientação das
famílias, dos alunos e da comunidade.
*Reginaldo
de Souza Silva – Doutor em Educação Brasileira, professor do
Departamento de Filosofia e Ciências Humanas e coordenador do Núcleo de
Estudos da Criança e do Adolescente – NECA/UESB. Email: necauesb@yahoo.com.br
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