sexta-feira, 20 de maio de 2011

CARTA ABERTA ÀS AUTORIDADES POÇOENSES


Enfrentamento a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes

CARTA ABERTA ÀS AUTORIDADES POÇOENSES

Poções, 20 de maio de 2011.

Vivemos hoje um momento de comoção em todo o Brasil, devido a tanta violência praticada contra crianças e adolescentes. “Os números mostram o inferno a que estão submetidas as nossas crianças. Dados do Disque Denúncia Nacional (Disque 100) indicam que, desde maio de 2003 até março deste ano, foram feitas mais de 63 mil denúncias de abuso. A Bahia é o Estado que registra mais ligações (7.708), seguido por São Paulo (7.297) e Rio de Janeiro (5.563).”

Em nosso Município, o índice de abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes é bastante assustador, de 01 de janeiro a 17 de maio de 2011, foram registrados pelo Conselho Tutelar 21 casos de crianças e adolescentes vítimas de violência sexual, números que indicam um movimento crescente de casos, preocupando entidades que lutam em defesa desta causa e exigindo das autoridades competentes as devidas punições àquelas pessoas que praticam esse tipo de crime. É bem verdade que os trabalhos desenvolvidos nos últimos anos, dentre os quais: CPI da Pedofilia, Campanha de Combate à Exploração Sexual e às Drogas e demais ações desenvolvidas pelo Conselho Tutelar, CMDCA e autoridades policiais; além da emissão da Portaria S/N° (02/12/2008) da Dra. Ana Karena Nobre – Juíza de Direito e da Recomendação (MP 30/04/2008) do Dr. Carlos Robson Oliveira Leão – Promotor de Justiça que atuaram na Comarca de Poções, em muito ajudaram na sensibilização da sociedade em geral, quebrando o pacto do silêncio e aumentando, com isso, o número de denúncias de crimes dessa natureza.

Verifica-se, no entanto, certa “cultura” de impunidade, por parte dos órgãos competentes, no tratamento dos casos denunciados, principalmente àqueles de maior relevância e envolvendo pessoas economicamente influentes na sociedade poçoense. Verifica-se, ainda, a falta de estrutura para o atendimento e acompanhamento das vítimas de exploração e abuso sexual; a falta de políticas públicas voltadas para a infância e adolescência, isso significa: difícil acesso a educação de qualidade, alimentação, moradia, sistema de saúde, atividades extra-escolares, oportunidades de profissionalização etc.

Diante disso vimos cobrar, de quem de direito: o julgamento e a aplicação de medidas cabíveis, que penalizem os culpados e inibam os agressores em potencial; um atendimento digno e contínuo às vitimas e seus familiares; a regularização do Fundo Municipal da Infância e Adolescência; além, da viabilização de políticas públicas e de inclusão social para os jovens em situação de vulnerabilidade. Momento em que expomos nosso repúdio a toda essa conjuntura e, principalmente, às ações que agridem a dignidade e a integridade das crianças e adolescentes, haja vista, que “toda criança e adolescente tem o direito de ser e crescer feliz”.

Essa violência exige uma resposta mais contundente de todos nós a fim de cuidarmos de nossos filhos como um bem sagrado, promovendo o respeito a seus direitos e protegendo-os de toda e qualquer tipo de ameaça. É o que reza o Artigo 18 do Estatuto da Criança e do Adolescente: “É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.”

Assinam esta carta:

Adão José Luz Filho
Conselheiro Tutelar – Coordenador
Coordenador Regional do Fórum Permanente dos Conselhos Tutelares da Bahia


Argileu Romualdo Cordeiro
Conselheiro Tutelar
Coordenador Territorial da Associação de Conselheiros Tutelares da Bahia


Andrea Botelho dos Santos Miranda
Conselheira Tutelar – Secretária


Marcio Adriano Leoni Sampaio
Conselheiro Tutelar


Laudelino Costa Palmeira
Conselheiro Tutelar

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Disque Denúncia Nacional - DDN 100