Assessoria de Comunicação Social Classificação da Notícia: Infância e Juventude
28/07/2011 15:38:56
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Redatora: Maiama Cardoso MTb/BA - 2335
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Criança precisa ser prioridade
também no orçamento público
Priorizadas
nos textos legais, crianças e adolescentes devem ser também prioridade
no orçamento público. Isso é o que afirmam especialistas, promotores de
Justiça e juízes que atuam na área da Infância e Juventude e
participaram na manhã de hoje, dia 28, do ‘III Ciclo Preparatório 21
Anos do ECA: Lugar de Criança é no Orçamento!’. Voltados à discussão de
questões ligadas à área, eles sinalizaram que é preciso intervir no
orçamento público dos municípios para que se assegure às crianças e aos
adolescentes os direitos e garantias para eles previstos. Os Conselhos
de Direitos, assinalou o idealizador do evento, promotor de Justiça
Millen Castro, têm papel fundamental na construção e fiscalização da
correta destinação do orçamento público, que deve financiar as políticas
públicas formuladas para a área. Mas, para isso, esses órgãos precisam
estar estruturados e fortalecidos, o que também deve acontecer com os
Conselhos Tutelares, ressaltou o promotor, que coordena o Núcleo de
Apoio para Implantação, Estruturação e Fortalecimento dos Conselhos de
Direitos, Tutelares e Fundos Municipais dos Direitos da Criança e do
Adolescente (Naic).
Apresentando
informações preliminares do diagnóstico relativo aos Conselhos e Fundos
da Infância e Adolescência no Estado da Bahia, Millen Castro registrou
que muitos municípios ainda não contam com fundos dos direitos da
criança e adolescente, que são os principais instrumentos para a
formulação das políticas públicas. Do total de Conselhos de Direitos
existentes nos 417 municípios baianos, apenas 82,25% se reúnem pelo
menos uma vez a cada 12 meses, disse ele, lamentando que, embora ocorram
as reuniões, não se sabe nada sobre a intervenção dos conselhos nas
políticas públicas. A atuação desses órgãos não tem sido efetiva diante
das suas atribuições, assinalou o promotor de Justiça, esclarecendo que a
maioria deles sequer conhece a realidade do município e, por isso, não
tem como elaborar um plano de ação para atuar corretamente. Ainda de
acordo com Millen Castro, 58% dos municípios possuem lei e decreto de
criação do fundo, mas somente 37% destes abriram conta para recursos e
só 14% aplicam esses recursos na área da infância, sendo que grande
parte tem verba insuficiente para implementação de políticas para a
infância e juventude no que diz respeito a sua atuação.
A
questão da criança e do adolescente é realmente complexa e requer uma
atuação firme, salientou o procurador-geral de Justiça em exercício,
José Gomes Brito. De acordo com ele, a preocupação do Ministério Público
com a questão remonta a uma época anterior à Constituinte, quando
muitos dos seus membros já se engajavam na luta e vivenciavam momentos
difíceis. Também durante a Constituinte, lembrou Brito, a questão dos
direitos dos menores, suas necessidades e as dificuldades para se
garantir recursos específicos para área foi levantada. O MP continua
com essas preocupações, sinalizou ele, afirmando que a Instituição
seguirá firme e determinada a resolvê-las. Segundo o promotor Millen
Castro, outra grande preocupação da atualidade é o fortalecimento dos
Conselhos Tutelares, que, apesar de implantados em todos municípios
baianos, ainda carecem de estruturação. Os conselhos têm uma importância
social extremamente relevante, mas pouca importância política, lamentou
ele, destacando que em 45% dos municípios, esses órgãos não têm
telefones e que 40% dos municípios não disponibilizam transporte para a
atuação dos conselhos.
Participando
da mesa a ‘Intervenção judicial sobre orçamento público e prioridade
absoluta na Infância e Juventude’, mediada pela coordenadora do Centro
de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça da Infância e Juventude
(Caopjij), promotora de Justiça Márcia Guedes, o procurador de Justiça
aposentado, Wanderlino Nogueira, destacou que a luta para se resguardar
direitos de crianças e adolescentes é antiga e começou uma década antes
da instituição do Estatuto da Criança e Adolescente (ECA). Para ele, a
atuação dos conselhos de direitos, assim como do MP, é fundamental.
Porém, disse Wanderlino, não adianta ter esses órgãos e eles não estarem
controlando as políticas públicas, no sentido de avaliar, monitorar e
propor correções a essas políticas. “Como temos pouco tempo de
democracia participativa, é normal que não saibamos exercitar o
controle”, assinalou Wanderlino, que é conselheiro do Centro de Defesa
da Criança e do Adolescente (Cedeca) do Rio de Janeiro. Para ele, “o
mais importante é controlar o que produz o orçamento, que é a peça da
política de planejamento”. Além disso, deve haver sinergia entre MP,
Conselhos de Direitos, Tribunais de Contas, auditorias e corregedorias
para que o controle seja exercido efetivamente, concluiu o procurador
aposentado. Integrante da mesma mesa, o vereador Sandoval Guimarães
informou que a participação da população nas audiências que discutem a
construção da peça orçamentária do município de Salvador é quase
inexistente, “o que precisa ser mudado para se garantir determinadas
prioridades”.
ASCOM/MP – Telefones: (71) 3103-6505/ 6502/ 6567
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