Publicado em junho 13, 2011 por HC
Tags: trabalho infantil
Brasília – Menores vendem doces próximo à Estação Rodoviária de Brasília para ajudar nas despesas de casa. Foto de Renato Araújo/ABr
Marina*, 11 anos, vende doces próximo à Estação Rodoviária de
Brasília. Ela nunca estudou e ajuda a manter as despesas de casa com o
que vende. Arredia, Marina não quis conversar sobre sua vida.
Marcos, 17 anos, faz panfletagem em um centro comercial da capital.
Ele já frequentou a escola e começou a trabalhar para ajudar a tia, com
quem vive, e que revende produtos de beleza. Morador de Samambaia,
cidade-satélite de Brasília, diz que a renda da panfletagem ajuda nas
despesas de casa e em suas despesas pessoais, como roupas e calçados.
Paulo, 14 anos, vendia blusas em Capão da Canoa (RS) para ajudar os
pais com as despesas de casa. Ele e mais uma irmã saíam pelas ruas da
cidade para fazer esse trabalho. Ele contou que durante o tempo em que
ficou vendendo as blusas não ia para a escola e “até que sentia falta”
dos estudos.
“Na escola posso aprender a ler, escrever, aprendo a respeitar os
outros. Posso ser alguém na vida”, disse o menino. Paulo acrescentou que
não sente falta do trabalho que fazia e que hoje tem mais amigos por
causa da escola.
Fábio, 13 anos, colega de Paulo, trabalhava num quiosque em uma das
praias de Capão da Canoa. Ele vendia bebidas e cigarro. Ele também
ajudava nos afazeres domésticos e cuidava dos irmãos enquanto os pais
não estavam em casa. Assim como Paulo, ele trabalhava para ajudar nas
despesas de casa.
Hoje, os dois meninos fazem parte de um programa do estado, em
parceria com o governo federal, que retira crianças do trabalho infantil
e garante o acesso delas à escola. O programa também dá suporte aos
pais para manter os filhos longe do trabalho.
Eles fizeram parte das estatísticas de crianças inseridas no trabalho
infantil. Hoje, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), há 4,3 milhões de crianças e jovens de 5 a 17
anos trabalhando. A Região Nordeste concentra o maior percentual – 11,7%, seguida pela Região Sul, com 11,6%, pelo Centro-Oeste, com 10,2%, o Norte, com 9,6%, e o Sudeste, com 7,6%.
Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), há em
todo o mundo mais de 200 milhões de crianças a adolescentes no trabalho
infantil.
Em Brasília, menino trabalha nos fins de semana para poder estudar
Adriano*, 15 anos, sai cedo de casa, na Cidade Estrutural
(cidade-satélite de Brasília), onde mora com os irmãos e a mãe, para
vender jujuba em um sinal de trânsito todo fim de semana. Para poder
estudar, ele só trabalha aos sábados e domingos. O menino cursa a 7ª
série.
Adriano e um dos seus seis irmãos vendem as jujubas. Ele conta que
seu pai morreu em 2004 e desde então começou a trabalhar, primeiro
catando latinhas e depois vendendo os doces. O garoto afirma que
trabalhar foi uma opção dele e que nunca foi forçado pela mãe ou pelos
irmãos mais velhos.
“Estou aqui trabalhando porque quero. Estou aqui para ajudar a minha
família. Eu poderia estar roubando ou coisa do tipo, mas estou
trabalhando. Vendendo as minhas jujubas eu consigo ganhar mais dinheiro
do que se eu estivesse trabalhando em outro lugar “.
Adriano contou que chega a ganhar R$ 600 por fim de semana e com esse
dinheiro já ajudou a mãe a pagar uma televisão e comprou um celular.
Ele disse que poderia estar fazendo um estágio por meio do Centro
Salesiano do Adolescente Trabalhador, mas optou por vender os doces no
sinal porque consegue mais dinheiro. “Não estou roubando nem fazendo
nada de errado, estou trabalhando, ganhando meu dinheiro honestamente”,
afirmou.
O menino faz parte do contingente de 4,3 milhões de crianças e
adolescentes que trabalham no Brasil, a maioria garotos. No mundo, são
mais de 200 milhões de meninos e meninas entre 5 e 17 anos que fazem
algum tipo de trabalho.
No Dia Mundial de Luta contra o Trabalho Infantil, comemorado hoje
(12), a Organização Internacional do Trabalho (OIT) quer chamar a
atenção para o trabalho infantil perigoso, no qual estão inseridas mais
de 110 milhões de crianças em todos os países. A OIT considera como
trabalho perigoso toda atividade que possa trazer algum risco à saúde ou
à integridade física e moral da criança e do adolescente.
*Os nomes dos menores são fictícios//Edição: Graça Adjuto
Reportagem de Roberta Lopes, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 13/06/2011
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