A palavra “Mamãe”, apesar de
familiar, esconde um apelo: por favor tome conta de mim, pare de
gritar comigo e faça um afago na minha cabeça, fique do meu lado,
tenha eu razão ou não. Kyun Sook Shin
Como
professor de uma universidade pública do estado da Bahia tenho a
felicidade proporcionada por Deus, a cada semestre, de conhecer novas
e velhas pessoas, cada uma com seus sonhos, pesadelos e perspectivas
de futuro. Se outrora, uma população “mais velha” chegava a
educação superior, atualmente os jovens de todas as camadas sociais
estão presentes. Lá, no meio das turmas sempre há uma mamãe. Mas,
é nos cursos do denominado PARFOR - Plano Nacional de Formação de
Professores da Educação Básica, onde a grande maioria é formada
por professoras com mais de dez anos de experiencia, Mães e pais.
Assim,
como professor, hoje gostaria de iniciar uma nova aula, baseada em um
planejamento feito a décadas atrás. Nele consta os conteúdos de
vida, os sonhos, as esperanças e também os fracassos. As
metodologias são diversas, dependem da cultura, dos recursos. As
formas de avaliação estão presentes em nosso dia a dia (muito
amor, abandonos, falta de reconhecimento, sonhos realizados e a
realizar etc) e as referencias de sua elaboração e execução estão
permeadas nos gestos que deveriam falar mais. O Conteúdo principal,
Ser MÃE. Muito se falou sobre as mães, a maior das flores em nosso
imenso jardim, a coisa mais linda do mundo, etc.
Confesso,
que ao me deparar com as novas e velhas gerações para além dos
conflitos, pergunto: Quem efetivamente é a mãe do século XXI?
Outrora, tínhamos o esteriótipo de mãe confrontada hoje na
contemporaneidade. A mulher nasce e cresce em um determinado tempo e
espaço e por eles é influenciada. Tem preferências, mas para
muitas, há poucas escolhas.
Gostaria
que nossos jovens alunos pudessem enxergar a felicidade. Isso não é
uma tarefa fácil, pois as lentes do consumismo, das coisas fáceis,
futeis estão permeando as relações. Compreender que nossa mãe é
fruto do seu tempo e por ele é condicionada mas não determinada,
implica saber e respeitar o que elas sonham e planejam, o que a deixa
feliz, a acalma! Podemos dizer nossa mamãe é feliz? Foi feliz? Que
contribuição tenho dado para sua efetivação?
Em
tempos de globalização, escutar o outro não tem sido tarefa fácil,
principalmente se for a nossa MÃE. Nossa sociedade supervaloriza a
juventude, as aparências. A experiência de vida parece querer
impedir tudo o que é divertido e prazeroso. A voz da mãe alertando
para as más companhias, para a violência das madrugadas, para a
correria do trânsito, para evitar as drogas não tem espaço entre
os infindáveis apelos do consumo da alegria.
Pergunto
a você: que gestos você tem feito para ouvir e tentar levar em
consideração o que sua mãe fala? Quais os seus sentimentos,
angustias, sonhos? A chave é o coração, o tempo, a paciência de
sentar e escutar tudo o que sua mãe precisa dizer. A fala é mais do
que o som que a expressa, é também, a forma, o tempo, o conteúdo,
o que não foi dito, a troca de olhares, o afeto, o toque das mãos...
Os
presentes são bem vindos, mas para muitas MAMÃES o tempo é o maior
presente. Maior tempo de vida deveria representar, maior afeto, maior
presença, maior paciencia, maior partilha, maior convivencia, maior
fé, principalmente em DEUS. Há jovens que não sabem o que isto
significa, quanto maior o grau de sua formação maior distanciamento
para alguns. Saber viver, conviver com os mais velhos, as MAMÃES,
não é fácil, à medida que envelhecemos aparecem as “manias”,
inseguranças, desequilíbrios, falta de força, as dores que começam
e insistem em permanecer etc.
Precisamos
aprender a reconhecer a contribuição de nossa MAMÃE para chegarmos
onde estamos hoje. Estarmos prontos para acolher a quem, certa ou
errada, procurou as formas de garantir que sobrevivessemos aos
primeiros anos de vida e alçasse os primeiros voos.
Pense
naquele(a)s que ao formarem uma nova família a primeira coisa que
fazem é distanciar ou abandonar a própria mãe. Aquele(a) que tem
vergonha da forma como ela se veste, como fala, de suas histórias,
de seu ambiente de origem, de sua cultura, de seus laços. Gostaria
muito que as universidades e as igrejas acolhessem os mais velhos.
Professoras são aposentadas compulsoriamente e nas igrejas padres e
pastores se esqueceram das visitas aos lares, a chamarem os fiéis
para as visitas e o preparo dos templos para recebe-los e acolhe-los.
Em
dias de formaturas, ao receberem seus títulos, seus diplomas, muitos
escondem sua MAMÃE. Em África quando alguém recebe seu diploma é
toda a sua cidade, seus amigos, sua família que o recebe, todos são
agraciados por aquele resultado. A aula de hoje e de todos os dias
deveria confirmar o papel dos Gestos em nossas relações.
Eles
fazem
parte do movimento do corpo, das mãos, dos braços e da cabeça.
Parafraseando, Esopo “Nenhum
gesto
de amor, por muito insignificante que seja, é desperdiçado”. Vale
o ditado popular - Um
gesto
vale mais do que mil palavras ! Que
seus gestos diariamente falem mais
- TE AMO! MAMÃE...
Nesta
semana na capital do estado da Bahia a Mãe, Avó, Bisavó, Sogra
BELARMINA ROCHA PIO, BELINHA como é conhecida, completará 100 anos
de vida, de fé e de amor. Parabéns
pelo seu dia! FELIZ DIA DAS MÃES.
Prof. Dr. Reginaldo de Souza Silva - Coordenador do Núcleo de Estudos da Criança e do Adolescente - NECA/ UESB.
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