Por Professor Reginaldo de Souza Silva
Todo
jovem deste imenso país chamado Brasil tem sonhos, dificuldades e,
acima de tudo, fé e esperança. Se outrora éramos o país do futuro, hoje
somos a quinta economia mundial. E nesse percurso desenvolvimentista, a
luta para esperar o “bolo crescer para dividir” levou milhares de
crianças e de adolescentes para as ruas (meninos de/na rua),
abandonados, drogaditos, marginalizados, em situação de risco pessoal e
social. Agora somos a “bola da vez”: copa das confederações, campeonato
mundial, olimpíadas…
Entretanto, nos vários Brasis existentes no Brasil, a situação da
criança e do adolescente não tem melhorado. Pelo contrário, O cenário é
de extrema vulnerabilidade para jovens expostos a uma maior incidência
de mortes precoces e violentas.
Segundo o Índice de Homicídios na Adolescência (IHA), três
adolescentes a cada grupo de mil morrem antes de completar 19 anos. A
taxa cresceu 14% entre 2009 e 2010. A estimativa é a de que, se não
houver queda no índice nos próximos anos, 36.735 jovens de 12 a 18 anos
sejam mortos, possivelmente por arma de fogo, até 2016! O homicídio,
portanto, é a principal causa de morte dos adolescentes e equivale a
45,2% do total de óbitos nessa faixa etária. Esse dado inclui mortes em
conflito com a polícia, conhecidas como auto de resistência.
Realizado em 283 municípios com mais de 100 mil habitantes, o IHA
mais alto está concentrado nos estados de Alagoas (9,07), Bahia (7,86) e
Espírito Santo (6,54), que também estavam no topo do ranking em 2009. O
menor índice foi identificado em São Paulo (0,94), cuja capital também é
a menos letal para adolescentes. O município mais violento é Itabuna
(BA), que registra 10,59 homicídios em cada grupo de mil jovens. Em
seguida vêm Maceió, com 10,15, Serra (ES), com 8,92 e Ananindeua (PA)
com 8,89.
Na Bahia, os municípios de Salvador (8,76), Feira de Santana (8,39) e
Vitória da Conquista ocupam respectivamente os quinto, sexto e sétimo
lugares nesse ranking. Vivendo apenas de publicidade e viagens
internacionais o desgoverno da Bahia parece não enxergar o caos
instalado no estado.
Fatores como gênero e raça aumentam a possibilidade de um jovem ser
morto. Em 2010, a chance de um adolescente do sexo masculino ser
assassinado era 11,5 vezes maior que a de jovens do sexo feminino. Se o
indivíduo for negro (preto ou pardo), então, a possibilidade aumenta
quase três vezes em relação ao branco. Até quando nos calaremos diante
desse quadro calamitoso? A cada vida jovem que perdemos, uma geração
inteira é afetada. Temos clareza disso?
Nesta época natalina, na qual celebramos a Vida, conclamo a que
procuremos cumprir aquilo que Nosso Senhor Jesus Cristo afirma: “Eu vim
para que todos tenham vida e a tenham plenamente”. O Natal só terá
sentido quando a vida em abundancia possa ser garantida a todo(a)s.
Neste Natal coloque em seu coração a missão de reduzir o índice de
assassinatos de adolescentes com medidas de combate à violência letal; o
controle de armas de fogo e munição; a instauração de politicas
públicas de esporte, lazer, cultura e de empregabilidade; a educação de
qualidade; moradia, e acima de tudo, respeito. Lembre-se: a
probabilidade de um jovem ser morto com revólver ou pistola é seis vezes
maior do que a de ser morto por qualquer outro meio. Com esse índice
você poderia dizer que o seu filho, sobrinho ou neto está seguro?
Às milhares de famílias baianas que perderam seus jovens e filhos e a
todo(a)s aquele(a)s que lutam por um mundo de paz, UM FELIZ NATAL na
presença de nosso Senhor Jesus Cristo! E a todos os jovens, que este não
seja o seu último natal na Bahia.
Prof. Dr. Reginaldo de Souza Silva – Coordenador do Núcleo de
Estudos da Criança e do Adolescente – NECA/UESB –
reginaldoprof@yahoo.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário