Assessoria de Comunicação Social Classificação da Notícia: Criminal
14/06/2013 15:04:43
| Redator: Gabriel Pinheiro DRT/BA |
Mesa-redonda debate tráfico de pessoas
para fins de exploração sexual
para fins de exploração sexual
Uma
questão atual, que, no entanto, o Brasil já enfrenta desde a sua
colonização. Com essas palavras, o professor e mediador do encontro,
Jackson Chaves de Azevêdo, definiu o 'Tráfico de Pessoas para Fins de
Exploração Sexual”, na abertura da mesa-redonda que abordou o tema, na
manhã de hoje, dia 14, no auditório do Ministério Público estadual.
Tendo como debatedoras a coordenadora Grupo de Atuação Especial em
Defesa da Mulher (Gedem), Márcia Teixeira; e a juíza de Direito do
Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Andrea Pachá; a mesa integra o
'Seminário Institucional sobre Tráfico de Pessoas', que teve início
ontem. Para um público composto por membros e servidores do MP,
procuradores da República e do Estado, magistrados, defensores públicos,
delegados de polícia Federal e Civil, advogados, peritos técnicos e
oficiais e agentes das polícias Militar e Rodoviária, a juíza Andrea
Pachá iniciou sua fala chamando atenção para o fato de que combater o
tráfico de mulheres para fins sexuais não tem qualquer relação com uma
suposta criminalização da prostituição. “A liberdade é um valor
inalienável e, portanto, cada um pode dispor do seu corpo como bem
entender. O que não se pode admitir, em defesa desta mesma liberdade, é
que a prostituição seja explorada por terceiros, que auferem todo o
lucro e, muitas vezes chegam a escravizar aquelas a quem supostamente
agenciam”, destacou, apontando para um avanço em relação a países como a
Índia e a Espanha, onde a prostituição ainda é considerada um crime.
A magistrada ressaltou ainda o fato de o Brasil ter muitas leis, mas pouca efetividade no seu cumprimento quando o assunto é enfrentamento ao tráfico de pessoas. “Somos signatários do Protocolo de Palermo e estamos mesmo à frente de muitos países. Aqui, em tese, não é preciso sequer a anuência da vítima para que a Justiça enfrente o problema com autonomia, porém as leis não são aplicadas”, destacou, reforçando que é preciso trabalhar em rede, envolvendo a sociedade civil e os operadores do Direito para que essas leis funcionem. “Não basta que tenhamos mecanismos como a 'Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas' é preciso mudar a cultura de toda a a sociedade, inclusive dos operadores do Direito”, frisou. Outro ponto destacado pela juíza foi o fator capitalista que envolve o tráfico de pessoas voltado para a exploração sexual. “Na sociedade de consumo, o outro, muitas vezes, deixa de ser sujeito de direito, e passa a ser objeto para o indivíduo que busca única e exclusivamente a sua satisfação. Combater essa realidade é algo que só pode ser feito em conjunto, por toda a sociedade, com cada ator, do seu lugar, contribuindo para desbaratar essa rede”, concluiu.
A magistrada ressaltou ainda o fato de o Brasil ter muitas leis, mas pouca efetividade no seu cumprimento quando o assunto é enfrentamento ao tráfico de pessoas. “Somos signatários do Protocolo de Palermo e estamos mesmo à frente de muitos países. Aqui, em tese, não é preciso sequer a anuência da vítima para que a Justiça enfrente o problema com autonomia, porém as leis não são aplicadas”, destacou, reforçando que é preciso trabalhar em rede, envolvendo a sociedade civil e os operadores do Direito para que essas leis funcionem. “Não basta que tenhamos mecanismos como a 'Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas' é preciso mudar a cultura de toda a a sociedade, inclusive dos operadores do Direito”, frisou. Outro ponto destacado pela juíza foi o fator capitalista que envolve o tráfico de pessoas voltado para a exploração sexual. “Na sociedade de consumo, o outro, muitas vezes, deixa de ser sujeito de direito, e passa a ser objeto para o indivíduo que busca única e exclusivamente a sua satisfação. Combater essa realidade é algo que só pode ser feito em conjunto, por toda a sociedade, com cada ator, do seu lugar, contribuindo para desbaratar essa rede”, concluiu.
Coordenadora
do Gedem, a promotora de Justiça Márcia Teixeira traçou um breve
histórico do surgimento do tema do tráfico de pessoas para fins de
exploração sexual na agenda da sociedade brasileira, lembrando que,
apesar da existência do crime datar de épocas remotas, somente após a
sua abordagem numa novela televisiva, ele se tornou mais visível. “É
importante destacar aqui que falamos de um tema que se caracteriza por
sua invisibilidade. É difícil identificar a rede, seu funcionamento e
até mesmo colher informações das vítimas que, muitas vezes, permanecem
silenciosas diante do crime do qual são vítimas”, ressaltou. Outro ponto
destacado pela promotora de Justiça foi a ligação entre a violência
doméstica e a pobreza com o tráfico de pessoas. “Em estados como os da
região Norte do país, diante da pobreza extrema, algumas mulheres,
adolescentes e até mesmo meninas têm seu corpo como único capital. Para
sobreviver, acabam se prostituindo e a vulnerabilidade as coloca ainda
mais suscetíveis aos traficantes de pessoas”, explicou Márcia Teixeira.
Outro ponto abordado pela promotora de Justiça foi a relatividade do
argumento segundo o qual a prostituição é algo voluntário. “Claro que
cada um pode dispor do seu corpo como bem entender, dentro dos limites
assegurados pela Constituição. No entanto, situações como a pobreza e a
violência doméstica de caráter sexual aumentam de tal forma a
vulnerabilidade das vítimas que não seria exagerado falar que, ao
optarem pela prostituição, muitas delas estão com sua capacidade de
decidir comprometida”. Independentemente desse caráter voluntário ou não
da decisão inicial, Márcia Teixeira chamou atenção para o fato de que
muitas, ao chegarem no exterior, se deparam com uma realidade totalmente
diversa da que esperavam encontrar. “Há casos em que as mulheres viajam
acreditando que irão trabalhar em outras funções, como garçonetes ou
dançarinas, e acabam sendo forçadas a se prostituir. Tão grave quanto
isso, no entanto, é a situação daquelas que, mesmo tendo viajado com o
intuito de se prostituir, muitas vezes para sustentar parentes que estão
no Brasil, acabam sendo escravizadas no exterior, não tendo acesso ao
dinheiro que ganham, nem sequer a condições dignas de sobrevivência. E o
que é pior: sem poder desistir e voltar para casa. Como, portanto,
falar que é voluntário algo se faz à força e sem opção de desistir?”,
concluiu a coordenadora do Gedem.
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Fonte: MPBA
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