Assessoria de Comunicação Social Classificação da Notícia: Criminal
14/06/2013 18:56:32
|
Redator: George Brito (DRT-BA 2927) |
MP debate aspectos legais e
sociais envolvidos no tráfico de crianças
sociais envolvidos no tráfico de crianças
A
conjugação de uma situação de pobreza, de um lado, com o desejo de ter
um filho, do outro, é o cenário perfeito em que agentes intermediários
atuam com fins lucrativos e estabelecem a comercialização de bebês,
meninos e meninas, dentro de um processo de adoção ilegal. Esse foi o
panorama traçado pelos três debatedores da mesa-redonda que abordou,
hoje à tarde, o tema “Tráfico de Crianças para fim de Adoção Ilegal”,
finalizando o Seminário Interinstitucional sobre Tráfico de Pessoas,
realizado no auditório do Ministério Público estadual desde ontem.
A promotora de Justiça e coordenadora do
Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça da Criança e do
Adolescente (Caoca), Eliana Bloizi, conduziu os debates com a
participação do juiz da 8ª Vara da Família de Salvador, Maurício Brasil,
e do conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil na Bahia (OAB),
Milton Jordão. O magistrado falou da sua difícil experiência, desde
quando ainda juiz de família na cidade de Itororó, da qual ele pôde
observar como a adoção se transforma em objeto de desejo percebido por
“inescrupulosos” que o identificam e tentam tirar proveito financeiro
disso. “O grande problema é capitalismo que atinge a adoção”, disse,
para depois destacar o lado mais fraco nessa relação: “Quantas mães
pobres que estão grávidas podem ser abordadas por casais da classe
média”? O juiz destacou que, conforme pesquisa realizada em 2005 para
sua dissertação de mestrado sobre o tema, 70% das mães que entregam seus
filhos para adoção é pobre, negra e moradora da periferia. Segundo ele,
esse perfil, que persiste, aponta para um Estado omisso.
Também a partir do relato de sua
experiência, de 22 anos como promotora de Justiça, Eliana Bloizi falou
sobre a vulnerabilidade social que se encontram as mulheres que entregam
seus filhos para adoção e contextualizou um histórico difícil no
interior baiano, sobretudo na região sul, onde havia a participação
autoridades envolvidas com o tráfico internacional de crianças. A
promotora de Justiça afirmou que, atualmente, apesar da existência de
legislações avançadas como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA),
ainda ocorrem no interior “decisões (judiciais) apressadas”, que
autorizam concessões de tempo de convivência entre a criança e o pai
adotivo sem vistas do Ministério Público. Outro problema apontado por
ela foi a ausência na “maioria dos municípios” de cadastro de famílias
interessadas em adotar, o que é um exigência do ECA.
Já o advogado Milton Jordão recorreu
brevemente o rol de leis nacionais e internacionais que abordam a
adoção. Para ele, a legislação tem tido uma preocupação efetiva com a
saída de crianças do Brasil. “A Convenção de Haia, com recepção nacional
em 1999, exige a gratuidade do processo de adoção, para não dá margem
ao tráfico. A legislação tem uma preocupação com a saída da criança. A
grande questão em jogo é identificar quem ganha com o tráfico, porque,
até prova em contrário, o trâmite judicial é isento”, afirmou. No final
da sua apresentação, o conselheiro da OAB também ressaltou que pobreza
muitas vezes atua como “elemento indutor” do tráfico de crianças. O
evento foi encerrado com a entrega dos certificados aos convidados pelos
promotores de Justiça José Renato Oliva de Mattos e Eliana Bloizi.
ASCOM/MP – Telefones: (71) 3103-0446/ 0449/ 0448/ 0499/ 6502
Fonte: MPBA
Nenhum comentário:
Postar um comentário