quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Denúncias no ministério do Esporte atingem governador do DF



Agnelo Queiroz, governador do DF. ABr
O enredo do suposto esquema de corrupção no Ministério do Esporte, denunciado no fim de semana, teve nesta quarta-feira novas acusações e ganhou um novo personagem, o ex-ministro do Esporte e governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT).

Enquanto o ministro do Esporte, Orlando Silva (PcdoB), repetia pelo segundo dia consecutivo, desta vez no Senado, que jamais recebeu propina proveniente de recursos do programa Segundo Tempo, seu denunciante, o policial militar João Dias Ferreira, voltou a dizer que em breve apresentaria provas das acusações contra o ministro feitas à última edição da revista Veja.

O embate, no entanto, foi parcialmente ofuscado pela revelação de que o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), está sendo investigado por supostamente ter recebido propina de R$ 256 mil em desvios de dinheiro do mesmo programa Segundo Tempo. Queiroz chefiou o Ministério do Esporte entre 2003 e 2006, no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.


Segundo reportagem da Folha de S.Paulo desta quarta, o inquérito que investiga o caso foi encaminhado pela Justiça Federal de Brasília ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) na terça-feira da semana passada. A mudança do foro do processo atendeu a pedido do Ministério Público Federal.

Em nota, o governo do DF afirmou que a existência do inquérito "carece de aptidão para firmar premissa de que Agnelo Queiroz praticou ato reprovável legal e eticamente, quando foi ministro do Esporte".

"Inquérito é mero instrumento de apuração de fatos, verdadeiros ou falsos, pendentes de confirmação de materialidade e de autoria, sem que, pois, se possa presumir responsabilidade", diz a nota.

 Explicações

Em seu depoimento no Senado nesta terça-feira, Orlando Silva disse que quer encerrar nesta semana as explicações a respeito das denúncias, para que possa seguir com a sua agenda no ministério.

"Pretendem tirar um ministro de Estado no grito", afirmou.

Silva foi ouvido em sessão conjunta das comissões de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor, Fiscalização e Controle e a de Educação, Cultura e Esporte. Ele afirmou que tem sofrido um "linchamento público" e desafiou os acusadores a apresentar provas contra ele.

"Eu combati a corrupção. E o que a pessoa faz? Ela me acusa de desviar recursos públicos que ele desviou".

Durante audiência, Orlando Silva recebeu apoio de congressistas da base aliada ao governo 



Já o policial João Dias Ferreira afirmou, antes de prestar depoimento na Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal, que apresentaria "pelo menos duas provas cabais que estavam apreendidas desde a Operação Shaolin".

Orlando Silva. Agência Brasil. A Operação Shaolin foi feita no ano passado pela Polícia Civil do DF para investigar convênios entre duas entidades ligadas ao policial e o Ministério do Esporte.

Os envolvidos são investigados por crimes de estelionato e falsificação de documento, entre outros.

Denúncia

Em entrevista à Veja no fim de semana, o policial João Dias Ferreira e o motorista Célio Soares Pereira acusaram Orlando Silva de receber dinheiro vivo na garagem do Ministério do Esporte, no fim de 2008. O dinheiro faria parte do programa Segundo Tempo, que destina verbas a ONGs com o intuito de incentivar a prática esportiva entre jovens. 

Ferreira diz que o ministro cobrava 20% das entidades contempladas no programa. O esquema, segundo ele, teria desviado R$ 40 milhões ao longo de oito anos.

Orlando Silva nega as acusações e diz que elas podem ser uma reação ao pedido que fez para que o os convênios do ministério com organizações presididas por João Dias Ferreira fossem examinados pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

Ex-militante do PCdoB, João Dias Ferreira presidiu duas entidades suspeitas de desviar cerca de R$ 2 milhões do programa Segundo Tempo. Ele é acusado de usar o dinheiro para a compra de uma casa avaliada em R$ 850 mil e financiar sua campanha para deputado no Distrito Federal, em 2006.

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