Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O número de pessoas interessadas em adotar é cinco vezes
maior do que o número de crianças e adolescentes à espera de nova
família. Isso é o que mostrou o Cadastro Nacional de Adoção, que foi
divulgado na última quinta-feira (13) pelo Conselho Nacional de Justiça
(CNJ).
O cadastro mostra que há 4,9 mil crianças e adolescentes registrados
para adoção no país. O número de pretendentes inscritos, por sua vez,
chega a 26.936.
Para o CNJ, três fatores têm dificultado a adoção de crianças e
adolescentes. O primeiro deles é o perfil exigido pelos pretendentes: de
acordo com o cadastro, 9.842 (36,54% do total) dos que pretendem adotar
preferem crianças ou adolescentes brancos. No entanto, quase metade das
crianças disponíveis para adoção – 2.272 no total – é parda. Crianças
brancas somam 1.657, o que representa 33,82% do total.
Outro entrave, segundo o CNJ, refere-se à faixa etária. Mais da metade
dos pretendentes (cerca de 59%) querem adotar crianças de até 3 anos de
idade. O terceiro fator é a indisposição dos pretendentes em adotar
grupos de irmãos. Segundo o cadastro, 22.341 pretendentes desejam adotar
apenas uma criança. Das crianças e adolescentes disponíveis para
adoção, 3.780 têm irmãos.
Em entrevista à Agência Brasil, o desembargador
Antônio Carlos Malheiros, coordenador da área de Infância e Juventude do
Tribunal de Justiça de São Paulo, disse que outro problema que
dificulta as adoções no país é a ausência de uma estrutura melhor e mais
adequada nas varas de infância.
“O [Poder] Judiciário da Infância e da Juventude ainda não está
suficientemente aparelhado para ser mais ágil. Segundo, ainda que
estivéssemos aparelhados e bem estruturados para sermos mais rápidos, é
preciso tomar uma série de cuidados ao colocarmos uma criança em uma
família. Temos que saber quem é essa família”, disse o desembargador.
De acordo com o desembargador, hoje o tempo de espera para adoção caiu
muito com a criação do Cadastro Nacional. “Com o Cadastro Nacional
melhorou muito, está andando mais rapidamente. A diminuição das
exigências também está fazendo andar mais rapidamente. A média hoje,
depois que um casal é habilitado, é de uns dois anos. Já foi mais
tempo”.
Para Malheiros, somente as campanhas de orientação e estímulo das
adoções poderão reduzir o número de crianças e adolescentes em abrigos.
“Não podemos parar com nossas campanhas. Temos que fazer uma atrás da
outra”.
O Cadastro Nacional de Adoção foi criado em abril de 2008 como forma de
consolidar os dados de todas as comarcas do país com relação a crianças
e adolescentes disponíveis para adoção. O cadastro tem dados sobre o
sistema e serve para acelerar a adoção no país.
Edição: Rivadavia Severo
Fonte: Agência Brasil
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