ONDE ESTÁ O SERVIDOR PÚBLICO NA POLÍTICA GOVERNAMENTAL?
A
realidade nua e crua das repartições públicas está escancarada.
Procura-se noite e dia os culpados pela ineficácia do Estado, pela
politicagem e o uso da máquina pública, que vem contrariando o princípio
elementar de servir ao bem comum.
O
dia do Servidor Público ou funcionário público é comemorado no dia 28
de outubro, data instituída no governo do presidente Getúlio Vargas, com
a criação do Conselho Federal do Serviço Público Civil, em 1937 e,
posteriormente, em 1938 com a utilização dos serviços no Departamento
Administrativo do Serviço Público do Brasil, tendo seus direitos e
deveres publicados no decreto nº 1.713, de 28 de outubro de 1939, motivo
pelo qual é o dia da comemoração desse profissional.
Os
serviços públicos estão divididos de acordo com os órgãos das esferas
de governos (municipais, estaduais ou federal), prestados em várias
áreas de atuação, educação, justiça, saúde, segurança, meio ambiente,
previdência e assistência etc.
Apesar
de a legislação definir que para ser servidor público é preciso
participar e ser aprovado em concurso, garantindo assim a vaga enquanto
profissional, o sucateamento do serviço público vem retirando dos
profissionais a estabilidade, que permitia a dispensa das funções/cargo
nos casos extremos, em que se comprove a falta de idoneidade de um
funcionário público.
Se
outrora, havia um orgulho e uma qualidade implícita no exercício da
função de Servidor Público, hoje esta premissa não pode ser amplamente
comprovada em várias repartições. O respeito, a valorização, a
competência atestada pelo mérito avaliado através de concursos públicos,
deu lugar aos cargos comissionados, nomeados, as funções delegadas, ao
empreguismo, aos cabides políticos etc.
Mas
onde estará o servidor público cônscio de suas responsabilidades? Está
nas mesmas repartições e continuam mantendo a máquina pública viva, nas
ambulâncias e postos de saúde, na porta e dentro das escolas, nas
secretarias, nos departamentos, nas estradas e rodovias, nas delegacias e
postos de fronteiras, cuidando do “céu”, do “mar” e da “terra”. Mas
estes, outrora valorizados, não são reconhecidos pelos governantes,
Presidência da República, Ministros, Governadores, Prefeitos,
Secretários e Dirigentes de repartições. Estamos também agonizando nas
universidades públicas federais (tentando qualificar o REUNI) e outras
abandonadas como as universidades públicas estaduais deste imenso país.
Educação é vista como despesa e não como investimento!
Servidores
Públicos sofrem na pele as denuncias de superfaturamento, improbidade
administrativa, malversação do dinheiro público etc. Há um esforço
governamental intencional para desacreditar o serviço público, que vem
deixando de ser atrativo para os melhores profissionais, por motivos
como, as baixas remunerações, as precárias condições de trabalho, a
flagrante defasagem salarial e perdas remuneratórias históricas. Os
salários pagos, muitas vezes com atraso, pelos cofres públicos
(municipal, estadual e federal) não garantem qualidade de vida e
dedicação exclusiva. Lutamos para que todos os servidores públicos,
assim como a população brasileira, tenham um conjunto de
situações que concorram para a qualidade de vida, refletindo em um
estado de total bem-estar físico, mental e social.
Para
manter a garra e continuar levando em frente a bandeira da defesa
intransigente da qualidade do serviço público a categoria dos Servidores
Públicos não desiste. No Brasil onde trabalhamos 177 dias para pagar
impostos aos governos municipal, estadual e federal, o servidor público
não tem nada para comemorar no dia 28 de outubro.
Há
“correntes” políticas, partidárias, ideológicas e de concepção de
trabalho e gestão de recursos humanos que nos remetem a senzala que está
presente e contribuindo para as diferenças que prevalecem.
Como
exemplo do desmonte do serviço público e por conseqüência a
desvalorização do servidor público temos governos como exemplo, o da
Bahia, do partido que foi um dia intransigente defensor dos
trabalhadores, atualmente sua preocupação com a melhoria das condições
de trabalho e a recuperação das perdas salariais amargadas, não existe!
Não há preocupação relativa à regulamentação e pagamento do adicional de
insalubridade aos profissionais que dele fazem jus.
O
discurso é o mesmo - não tem dinheiro, o estado ou a prefeitura estão
quebrados e inadimplentes, e a palavra de ordem atual é a COPA 2014, mas
a realidade constata ministros, governadores e prefeitos inchando cada
vez mais as estruturas com os representantes dos líderes políticos,
sobretudo, com os representantes dos seus novos aliados políticos que
muitas vezes são fantasmas do serviço público.
Onde está o Servidor Público na política governamental? O governo não empossa servidor concursado, há concursos homologados há anos/meses, mas a pratica “política” é
viabilizar contratos precários (sem pagar férias e 13º), descontando da
remuneração até os dias de recesso ao longo desse período. Servidores
com menor status profissional, motoristas, técnicos de enfermagem,
agentes de saúde, limpeza, segurança e outras categorias, que são a base
da maioria das repartições o descaso é explicito.
A
(des)valorização do servidor público pelos gestores tem seus reflexos
no ambiente de trabalho, na luta frente a população que sofre com
serviços sucateados e servidores cada vez mais desmotivados,
desvalorizados e desrespeitados.
No
dia do Servidor Público, um dos pilares mais importantes da estrutura
do Estado convidamos todo(a)s a refletirem: Qual o nosso papel como
agentes transformadores da sociedade?
"Com
leis ruins e Servidores Públicos bons ainda é possível governar. Mas
com Servidores Públicos ruins as melhores leis não servem para nada."
*Reginaldo
de Souza Silva – Doutor em Educação Brasileira, professor do
Departamento de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia. Email: reginaldoprof@yahoo.com.br
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