Uma organização de defesa dos direitos da infância afirmou nesta
quarta-feira que a gravidez é a principal causa de morte entre
adolescentes em todo o mundo. A Save the Children, com sede na
Grã-Bretanha, diz que pode parecer paradoxal que o processo de
nascimento acabe se tornando a principal causa de morte de adolescentes
no mundo.
Gestações e partos causam anualmente o falecimento ou sérias lesões
em um milhão de adolescentes, a maior parte das jovens com poucos
recursos, pequeno acesso à educação e moradoras de países em
desenvolvimento.
Segundo um relatório da Save the Children, a raiz do problema está na
falta de acesso a métodos anticoncepcionais e ao pouco planejamento
familiar em muitos países.
Riscos
Muitas jovens entre 15 e 18 anos se casam e engravidam logo após o
casamento, quando seus corpos ainda não estão nem preparados para dar à
luz. Permitir o acesso ao planejamento familiar de maneira que possam
adiar outra concepção por menos três anos depois de ter dado a luz reduz
o risco de complicações para a mãe e para o filho, e pode salvar até
1,8 milhões de vida por ano.
Cerca de 222 milhões de mulheres em todo o mundo que não querem
engravidar não possuem acesso a métodos anticoncepcionais. Este ano, se
calcula que haverá cerca de 80 milhões de gravidezes sem nenhum tipo de
planejamento familiar nos países em desenvolvimento.
A correspondente da BBC Emily Buchanan explica que em uma clínica de
uma região pobre no norte da Libéria, um terço de todos os bebês que
nascem tem mães entre 15 e 19 anos de idade. Algumas sequer passaram dos
13.
Um dos diretores do projeto Save the Children na região, George
Kijana, disse à BBC que estas mães tão jovens estão expostas a
complicações médicas. ”O corpo destas jovens não está preparado, pode
desenvolver fístulas em um parto prolongado”, diz.
Os bebês também correm riscos. Kijana explica que os riscos de morte
aumentam se as meninas têm menos de 18 anos. Durante anos, os programas
de planejamento familiar lutaram para encontrar financiamento e apoio,
por vezes sofrendo resistência de grupos religiosos.
Líderes internacionais se encontram em Londres no próximo mês para
uma conferência sobre planejamento familiar promovido pelo governo
britânico e pela Fundação Bill e Melinda Gates.
A agência norte-americana de desenvolvimento USAID, em cooperação com
os governos de Índia e Etiópia, fez um apelo mundial para ações que
ponham fim, em apenas uma geração, às mortes consideradas evitáveis. A
Save the Children defende este projeto promovendo o planejamento
familiar.
Segundo a entidade, satisfazer a demanda global por anticoncepcionais
pode prevenir em 30% as mortes maternas e em 20% as mortes de recém
nascidos nos países em desenvolvimento, além de salvar potencialmente
649 mil vidas por ano.
Fonte: Correio do Brasil
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