Ou descobrimos o Diabetes,
ou ele nos descobre e nos deixa mais próximos do caixão, cuide-se!
Alguns anos atrás cheguei
ao meu departamento na UESB e, como costumeiramente faço, encontrei em meu
escaninho o calendário dos dias letivos. Não consegui ler! Fui de setor em
setor reclamando como a Universidade poderia divulgar algo tão minúsculo que
ninguém conseguia ler? No último departamento que entrei a secretária, muito gentilmente,
depois de ouvir minha queixa, me aconselhou, a procurar um oftalmologista! Segui
seu conselho e saí do consultório médico com a receita dos óculos e um monte de
pedidos de exames (sumario de urina, sangue etc). Ao pegar os resultados dos
exames todos indicaram o que eu não imaginava: o DIABETES.
Começou então a
minha luta. No primeiro instante, desespero! Depois intelectualizei a doença e
procurei ler tudo sobre o diabetes, suas causas, o que fazer, como conviver.
Depois, as atitudes, “fechar a boca” e recomeçar a pratica esportiva! Mas tudo
parecia não bastar diante da possibilidade eminente do risco de morte!
Nas minhas leituras descobri
que existem dois tipo de diabetes, o tipo 1, que surge quando
o organismo deixa de produzir a insulina, ou a produz apenas em uma
quantidade muito pequena, provocando o aumento do nível de açúcar no sangue (glicemia);
e o diabetes tipo 2, quando há produção de insulina pelo pâncreas,
mas as células
musculares e adiposas (de gordura)
não conseguem absorvê-la.
Quando o organismo
deixa de produzir a insulina é preciso tomar injeções diárias de insulina
para regularizar o metabolismo do açúcar. Na diabetes tipo 2, mesmo com a
determinação do fator hereditário maior do que no
tipo 1, há uma grande relação com a obesidade e o sedentarismo.
Estima-se que 60% a 90% dos portadores do diabetes tipo 2 sejam obesos.
Há ainda outros
tipos de diabetes menos comuns: o diabetes gestacional (alteração das
taxas de açúcar no sangue detectada pela primeira vez na gravidez,
mas que pode persistir ou desaparecer depois do parto) e o diabetes secundário
ao aumento de função das glândulas endócrinas (em casos de tireóide,
problemas na supra-renal e na hipófise ou em tumores no pâncreas).
Os principais
sintomas do paciente
diabético
são sede,
fome e
urina
em excesso,
emagrecimento,
visão
embaçada,
infecções
repetidas na pele
ou nas mucosas, machucados que demoram a cicatrizar, cansaço inexplicável
e dores
nas
pernas,
entre outros. Entretanto, eu não vivenciei nenhum dos sintomas acima citados. O
que significa que os exames de rotina são fundamentais na determinação da
doença.
Qual o peso do
brasileiro diabético? Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) e a IDF
(Federação Internacional para o Diabetes) estimam que, pelo menos, metade de todos
os 250 milhões de casos de diabetes tipo 2 no mundo poderiam ser prevenidos se
fosse evitado o ganho de peso excessivo. No entanto, pesquisa recente divulgada
no 11º Congresso da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica,
em São Paulo, revelou que entre os 21 milhões de brasileiros diabéticos – 11%
da população – a maioria apresenta diabetes tipo 2 e, ao contrário do que
poderia parecer, 67,6% tem peso normal ou sobrepeso, mas não são obesos e que,
dentro dessa população, 78% está concentrada na classe C, D e E. O novo perfil
do brasileiro diabético, portanto, condiz ao cidadão de baixa renda com peso
normal, ou seja, a maioria da população.
Na saga pela
convivência com o diabetes descobri que quase nada é feito na maioria dos
municípios brasileiros para informar e oferecer as condições necessárias à
população. Limitam-se às vezes, como é o caso da cidade de Vitória da
Conquista, Ba, em alugar uma pequena sala e pagar os salários de uma única
funcionária, mas não oferece nenhum tipo de material necessário a prevenção ou
mesmo atendimento aos diabéticos. No combate ao glaucoma, catarata e
retinopatia diabética temos agora o apoio do HOC (Hospital de Olhos de
Conquista).
O dia 14 de novembro
é consagrado mundialmente ao DIABETES. Precisamos manter o foco na crescente necessidade
de educação sobre diabetes e o aumento de programas de prevenção. Para isto é
necessário:
1) Incentivar os
governos a implementar e fortalecer políticas para a prevenção e controle do
diabetes e suas complicações; 2) Disseminar ferramentas para apoiar as
iniciativas nacionais e locais para a prevenção e controle do diabetes e suas
complicações; 3) Destacar a importância da educação baseada em evidências na
prevenção e controle do diabetes e suas complicações; 4) Aumentar a
conscientização dos sinais de alerta do diabetes e promover ações para
incentivar o diagnóstico precoce; 5) Promover ações para reduzir os principais
fatores de risco para o diabetes tipo 2; 6) Promover ações para prevenir ou
retardar as complicações do diabetes.
Descobri como nós,
os diabéticos, somos excluídos socialmente nas empresas, escolas, lares e no
comercio. Ninguém está preparado para lidar com a doença e nem com as
limitações alimentares que ela impõe. Os preços de produtos diet são exorbitantes (para não dizer
“um roubo”)! Quase todos os alimentos consumidos na sociedade ocidental levam
açúcar em seu preparo ou se transformam em açúcar no organismo. O que resta ao
Diabético é muita luta, força de vontade, prevenção e, é claro, viver um
dia-a-dia saudável.
O diabetes é a
quarta causa de doença que mais mata. Por isso, no Dia Mundial de Combate ao
Diabetes, 14 de novembro, a Associação Conquistense de Apoio ao Diabético, o SESC,
FTC, UFBA e UESB estarão mobilizados na Praça 9 de novembro das 08:00 as 17:00h
reforçando a campanha e oferecendo gratuitamente, teste de glicemia capilar,
verificação de pressão arterial, avaliação nutricional, podologia (atenção para
os pés), consultoria jurídica e apoio para aqueles que já foram diagnosticados.
Prof. Dr.
Reginaldo de Souza Silva, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.
reginaldoprof@yahoo.com.br
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