domingo, 13 de novembro de 2011

Pauta ANDI - Educação é destaque na cobertura de Infância, Raça e Etnia pelos meios de comunicação

- A Análise da cobertura de 39 jornais de todo o país sobre Infância, Raça e Etnia mostra preocupação da imprensa em produzir matérias contextualizadas com aspectos sociais, econômicos e legais

- A legislação é citada em 17% dos conteúdos jornalísticos, mas as leis específicas são pouco lembradas

- Educação tem destaque em quase um terço das pautas, e a discussão sobre cotas é central

A análise de mídia Igualdade de Raça & Etnia e a educação de crianças e adolescentes, realizada pela ANDI – Comunicação e Direitos em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), mostra que 61% das matérias publicadas em 2009 contextualizaram as diferenças sociais, econômicas ou culturais relacionadas à Infância, Raça e Etnia.

A preocupação em ultrapassar diagnósticos simples e enfatizar a necessidade de ações efetivas para diminuir as desigualdades de raça e etnia no Brasil apareceu em 28% das notícias analisadas.

A mídia também tratou com destaque a relação entre escassez de recursos e questões de raça. A preocupação com o tema é justificada quando pesquisa do Centro Internacional de Estudos e Pesquisas sobre Infância (Ciespi), realizado em 2009, aponta que 10 milhões de brasileiros com até seis anos de idade estão abaixo da linha da pobreza. Desses, segundo o Ciespi,  pelo menos 60% são negros ou pardos.


A ONU elegeu 2011 como O Ano Internacional de Afrodescentes, e coincidentemente, mais da metade da população brasileira declarou-se negra ou parda no último censo do IBGE (2010). O aumento da identificação de afrodescendentes com sua cor aponta progressos em termos de políticas públicas e legislação. Apesar de a ANDI registrar avanços na análise de mídia realizada, em relação a outras temáticas monitoradas, o fim das desigualdades sociais que impactam a vida dessa parcela da população, em especial das crianças e adolescentes, ainda está distante da realidade.

O levantamento Informe 2011, elaborado pela ONG Corporación Latinobarómetro, localizada em Santiago, no Chile, informa que 46% da população entrevistada no Brasil acreditam que são discriminados por raça. Em um ranking de 18 países latinoamericanos, o Brasil está em segundo lugar, atrás apenas da Guatemala, onde 51% da população afirmaram sofrer esse tipo de discriminação que, de acordo com a pesquisa, aumenta o desconforto geral da sociedade com a política e a economia de seus respectivos países.

Cobertura plural e preocupada em preservar a vítima

 Em cerca de 40% das matérias o racismo aparece de forma genérica ou é discutido sem citar vítimas, de maneira a preservar suas identidades.

O número de fontes de informação consultadas é maior do que o observado em outros monitoramentos realizados pela ANDI na área de infância e adolescência – 1,63 por notícia.
A sociedade civil representa 62% das fontes ouvidas. O governo representa 49% das fontes. O Legislativo foi o poder mais procurado por jornalistas – figura em 7,8% das pautas, enquanto o Executivo aparece em 6,6%.

Legislação para diminuir a desigualdade

O marco legal também recebe destaque bem maior que em análises de mídia da cobertura em geral sobre infância e adolescência. A legislação é citada em 17% dos conteúdos – em demais pesquisas costuma aparecer em 5,7%. O Estatuto da Igualdade Racial é mencionado em 7,7% do material.

Porém, leis mais específicas não entram nessa pauta de discussão. Entre elas, estão a Lei do Ensino de História Afrobrasileira ou Africana e a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, ambas com 1,5% de ocorrências; e a Lei do Ensino de História Afrobrasileira ou Indígena, tratada em 0,4% das notícias.
Educação é a principal pauta

A Educação revelou-se como o maior destaque, ocupando 31% do noticiário. O sistema de cotas foi dominante em 42,46% das matérias.

Apenas 20% do total discutem especificamente relações de igualdade ou desigualdade étnica na sociedade brasileira. Cultura e Saúde aparecem, respectivamente, em 13,7% e 7,9% dos textos pesquisados.

A pesquisa

O levantamento foi realizado em um universo de 39 jornais impressos de todo o País, 12 deles situados na região Nordeste, 11 na Sudeste, seis na região Sul, cinco no Centro-Oeste e mais cinco no Norte. Ao longo de 2009, foram selecionadas 605 notícias com a questão infanto-juvenil que tratavam de aspectos da agenda de Raça/Etnia.

Os jornais de circulação nacional foram os que mais publicaram sobre o tema. Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo e Correio Braziliense responderam por 25% dos textos produzidos sobre Infância, Raça e Etnia no período. Entre os veículos regionais, merecem destaque os localizados em estados de grande presença indígena, como Amazonas, Mato Grosso, Pernambuco e Roraima.

Fonte: Portal ANDI

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