quarta-feira, 9 de novembro de 2011

TOQUE DE RECOLHER EM VITÓRIA DA CONQUISTA?

Por: Tribuna da Conquista [04/10/2011]
*José Nunes Neto
No dia 11/02/11 a Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista realizou uma reunião para se discutir o “disciplinamento” do horário de funcionamento de restaurantes e bares em Vitória da Conquista. Em Itiruçu isso se chama toque de recolher.

Participaram da reunião na prefeitura a cúpula da administração municipal, membros do conselho de segurança da cidade e alguns policiais militares. Não havia na reunião donos de restaurantes, proprietários de lanchonetes, garçons de bares, lancheiros de trailers ou gerentes de lojas de conveniência. Gente diretamente interessada nesse debate.

Membros do governo municipal apresentaram dados (sabe-se lá aferidos por qual órgão ou Ong) que dizem que os casos de violência em nossa cidade estão ligados ao consumo de bebida alcoólica. Essa apresentação da Prefeitura usou como comparativo os dados da cidade de Diadema, na Grande São Paulo, que historicamente é uma cidade violenta.


Existe um problema de violência em Vitória da Conquista que se acentuou nos meses de janeiro e fevereiro de 2011, e se busca uma justificativa para tal. A Prefeitura pelo visto resolveu culpar os restaurantes e bares da cidade pela escalada da violência. Isso é um engodo.

Os responsáveis pelo governo municipal deveriam na verdade fazer uma reavaliação sobre a equivocada política social promovida pela Prefeitura desde 1997, quando se criou uma falsa eficiência dos programas sociais municipais e na verdade estavam jogando a sujeira pra debaixo do tapete. Tome-se como exemplo o conjunto habitacional da Vila América que foi criado pelo poder público sem nenhuma preocupação com as conseqüências sociais.

Ruas sem asfalto, casas sem esgotamento sanitário, jovens sem quadras de esporte, pessoas sem praças de convivência. Hoje a Vila América é um dos maiores focos de violência da cidade. A violência é reflexo direto do social. É o Estado gerando problema para o próprio Estado.

Esses tomadores de decisão da Prefeitura julgam que para o pobre qualquer coisa serve, então fazem a coisa de qualquer jeito sem se preocupar com o amanhã. Agora eles se reúnem para eleger um culpado como se a violência de Vitória da Conquista tivesse como causa as pessoas que saem à noite para divertir. Essa intervenção seria um absurdo, um precedente perigosíssimo. Esperamos que a ética e o bom senso prevaleça.
  
*José Nunes Neto – estudante de Jornalismo da Uesb

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