Jornal Nacional - Edição do dia 24/09/2012
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio divulgada na última sexta-feira (21) pelo IBGE mostrou um avanço, ainda que pequeno, em um problema que envergonha o Brasil: o trabalho infantil.
Leandro tem apenas 6 anos de idade e já trabalha com os irmãos em Buíque, sertão de Pernambuco. Eles seguem os passos do pai, que ainda menino aprendeu a usar a enxada.
“Filhos e netos, tudo trabalha na roça. Tem que comer da roça, né? Aí
para um pouco de estudar”, fala o agricultor Félix Siqueira.
Nas ruas do interior, na praia, nas feiras das grandes cidades, quase
3,7 milhões de crianças trabalham no Brasil, segundo a pesquisa do IBGE.
Um pesadelo presente em todas as regiões.
A lei proíbe o trabalho de crianças no Brasil. Só a partir dos 16 anos é
que os adolescentes podem trabalhar. Mas, se no dia a dia encontramos
pequenos trabalhadores sacrificando a infância, a pesquisa trás uma boa
notícia: o trabalho infantil está diminuindo no país.
Em dois anos, cerca de 600 mil crianças deixaram de trabalhar. Uma
redução de 14%. O Nordeste registrou a maior redução. Apenas na região
Norte a exploração da mão-de-obra infantil aumentou.
A maioria dos pequenos trabalhadores tem entre 14 e 17 anos de idade e
atua na agricultura. Mas a remuneração no campo ainda é uma raridade.
“Independente da classe social, criança não tem que trabalhar. O
trabalho precoce só prejudica. Qualquer mínimo percentual, qualquer
criança afastada do trabalho infantil é motivo de grande comemoração”,
defende a procuradora do Trabalho Débora Tito.
“Se eu pudesse escolher eu não trabalhava. Iria para casa estudar e
depois ia para o colégio”, diz José Henrique da Silva, de 13 anos.
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