* Prof.
Reginaldo de Souza Silva
Vencida a primeira quinzena de 2012 vamos
tentar fazer uma faxina em nosso coração, jogando fora tudo que nos faça mal,
tudo de mal que fizeram e que, porventura, também possa ter feito. Todas as memórias
registradas no HD chamado coração, muitas vezes seletivas e contaminadas. A
Bíblia nos consola e fortalece apontando o maior dos anticorpos: a fé, o amor e
a caridade.
Portanto, agradecer a Deus pela imensa
gama de oportunidades que nos proporcionou em 2011: as dificuldades, os
tropeços que nos fazem refletir e aprender e, o melhor de tudo, poder exercer
dignamente uma das maiores profissões: Ser Professor. Agradecer pela
oportunidade de conhecer e conviver com novos professores e funcionários (em
início de carreira ou de amizade); pelo(a)s aluno(a)s futuros professores, que
a cada semestre compõem as turmas dos cursos de história, matemática, física,
geografia, biologia, pedagogia, letras etc; pela luta constante dos
Conselheiros Tutelares, dos Direitos da Criança e do Adolescente, equipes de
CRAS, CREAS e Escola de Conselhos.
São eles que nos valorizam e chamam
nossa atenção, estamos envelhecendo, ficando idosos ou mesmo nos rejuvenescem
levando em consideração nossos conhecimentos, sabedorias, experiências de vida
e de fé.
Num país que está envelhecendo e que
ainda não aprendeu a respeitar as crianças e idosos, trago algumas orientações
atribuídas ao médico Arnaldo Lichtenstein, clínico geral do Hospital
das Clínicas referente a principal causa da confusão mental no idoso.
Inicia suas aulas perguntando a estudantes de medicina sobre as causas que mais fazem os idosos terem confusão mental. Alguns arriscam - "Tumor na cabeça"; "Mal de Alzheimer". A resposta para todos, é não! Para ele, os três responsáveis mais comuns são: o diabetes descontrolado; a infecção urinária; e a família que passa um dia inteiro no shopping ou “no trabalho”, enquanto os idosos ficam em casa.
Constantemente, vovô e vovó, sem
sentir sede, deixam de tomar líquidos. Isso se agrava quando falta gente
em casa para lembrá-los, fazendo com que se desidratem com rapidez. A
desidratação tende a ser grave e afeta todo o organismo, podendo causar
confusão mental abrupta, queda de pressão arterial, aumento dos batimentos
cardíacos ("batedeira"), angina (dor no peito), coma e até morte.
Na “melhor idade”, iniciada aos 60 anos, como parte do processo natural de envelhecimento, passamos a ter pouco mais de 50% de água no corpo. Portanto, os idosos têm menor reserva hídrica e com outro complicador: mesmo desidratados, eles não sentem vontade de tomar água, pois os seus mecanismos de equilíbrio interno não funcionam muito bem. Assim, os idosos desidratam-se facilmente não apenas porque possuem reserva hídrica menor, mas também porque percebem menos a falta de água em seu corpo.
Por isso, aqui vão dois alertas: o
primeiro é para aqueles que já chegaram a melhor idade: criem o hábito de beber
líquidos (água, sucos, chás, água-de-coco, leite, sopa, gelatina e frutas ricas
em água, como melão, melancia, abacaxi, laranja e tangerina), colocando a
cada duas horas algum líquido para dentro do corpo. Lembrem-se disso!
O segundo alerta é para os familiares: ofereçam constantemente líquidos aos idosos. Ao mesmo tempo, fiquem atentos. Ao perceberem que estão rejeitando líquidos e, de um dia para o outro, ficam confusos, irritadiços, fora do ar, atenção! É quase certo que sejam sintomas decorrentes de desidratação. Líquido neles e rápido para um serviço médico.
Outros aspectos merecem nossa atenção e
reflexão para tornar os dias dos nossos idosos mais agradáveis: cuidar é também
falar abertamente para saber quais são as suas vontades e necessidades; viver
próximo à família e em um ambiente seguro. E a segurança passa por uma casa bem
iluminada com luzes de presença para a noite; móveis dispostos para assegurar
uma fácil mobilidade; evitar a existência de tapetes escorregadios; adaptar o
banheiro com barras de apoio; colocar os números de telefone da família,
vizinhos e amigos junto ao telefone, escritos em números bem visíveis; evitar
que o idoso suba em cadeiras ou bancos, colocando os objetos que mais utilizam
em prateleiras mais baixas.
Ajudar os idosos não é fazer por ele,
mas valorizar a independência sem abrir mão dos cuidados gerais com a sua higiene
pessoal, suas refeições, a limpeza da casa, visitas ao médico, pagar as contas,
entre outras tarefas do dia-a-dia.
Precisamos motivá-los a ter algum tipo
de vida social, a saírem de casa, a não permanecerem apenas em frente à
televisão. Encontrar com as amigas todas as semanas, dar uma pequena caminhada,
participar de atividades da igreja ou até inscrever-se num centro de convívio
para idosos, são alguns exemplos de atividades que devemos incentivar ao idoso
que façam parte de sua rotina. A família deve estar presente para fazer
companhia física, o carinho e uma boa conversa é o melhor presente, pois, com a
sua experiência de vida, tem sempre histórias para contar. É importante mantê-los
a par das notícias do seu círculo pessoal e até do mundo, para que não sintam
que estão sendo esquecidos, simplesmente porque já são “velhos” e “não vão
entender”.
Nesta primeira semana do novo ano, na
capital baiana, revendo vovó Bela e observando sua vitalidade, reconheço na
vaidade que ostenta de seus 98 anos e em sua incrível vontade de vida, um sinal
vigoroso de que os Direitos Humanos não são apenas um rol de conduta, mas que
significam, principalmente, qualidade de vida, liberdade e dignidade.
Reginaldo de Souza Silva, Doutor em
Educação Brasileira, professor do Departamento de Filosofia e Ciências Humanas
da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb). Email: reginaldoprof@yahoo.com.br
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