Segundo a Unifesp, 47% dos usuários da região aceitariam tratamento.
Prefeitura diz que 24 dependentes já foram encaminhados
Uma pesquisa divulgada nesta sexta-feira (6) revelou que os usuários de drogas da Cracolândia, em São Paulo, querem deixar o vício. A ocupação da polícia no local já dura quatro dias.
Ninguém pode voltar para os escombros que serviam de casa. Comprar
crack ficou mais difícil. A polícia quer impedir o acesso à droga e
prender os traficantes. Desde terça-feira (3), mais de 500 pessoas foram
abordadas. Quem ocupava a Cracolândia ainda vaga sem rumo pelo Centro
de São Paulo.
"Como é que você consegue o tratamento de um dependente químico? Não é
pela razão, mas pelo sofrimento. Quem busca uma ajuda para uma
dependência química é quem não suporta mais a situação em que está
vivendo”, afirma Luiz Alberto de Oliveira, da Coordenadoria de Atenção
às Drogas.
Uma pesquisa feita no mês passado pela Unidade de Dependência de
Álcool e Droga, da Unifesp, com 170 usuários na Cracolândia, revelou
que a maioria começou a fumar crack antes dos 18 anos. Muitos dizem ter
dinheiro para bancar o vício, mas parte admitiu roubar, prestar
serviços a traficantes ou pedir esmolas. Um em cada dez faz sexo em
troca da droga. Ainda, 53% disseram ter testemunhado mortes na
Cracolândia. Quase um terço sofreu violência no local em dezembro e 10%
das mulheres foram vítimas de abuso sexual.
Metade dos entrevistados consome a droga há mais de dez anos e um
quarto deles fuma mais de vinte pedras por dia. Isto significa que eles
passam o tempo todo entre a alucinação e os sintomas da abstinência.
Mesmo nesta situação, 47% responderam que aceitariam algum tratamento,
se fosse oferecido. "Se por acaso ele quer ajuda tem que ser na hora.
Mas ainda não temos um lugar para ele chegar, comer alguma coisa, tomar
um banho e aumentar o seu contato com os agentes de saúde", disse o
psiquiatra Marcelo Ribeiro, da Unifesp.
A prefeitura argumenta que a invasão da polícia veio depois da criação
de uma rede com centros de atendimento, abrigos, hospitais e equipes
de saúde e assistência social na rua. "Com certeza, com a redução da
oferta de drogas, os agentes comunitários e as equipes da saúde na rua
terão muito mais recursos técnicos para trabalhar com essa população",
garante Rosângela Elias, da Coordenadoria de Saúde Mental da
prefeitura.
A prefeitura de São Paulo informou que 24 dependentes que estavam na Cracolândia já foram encaminhados para tratamento.
Um comentário:
Quero desejar para estes desejosos de libertação, a vitória em nome de Jesus.
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