Dia
12 de janeiro, a Pastoral da Criança, no Brasil e em mais 19 países,
lembra os dois anos de falecimento de Dra. Zilda Arns Neumann, fundadora
da Pastoral da Criança Nacional e Internacional e também da Pastoral da
Pessoa Idosa.
Em uma das últimas palestras
internacionais que Dra. Zilda fez, na Tailândia em 2009, ela lembrava a
necessidade de estar sempre disposta para o trabalho, para estender a
mão aos que mais necessitam. Reproduzimos um artigo publicado no Jornal
"O Solidário", de Porto Alegre, de novembro de 2009.
Zilda Arns não necessita de maiores
apresentações. Família de 13 irmãos, um deles o ex-arcebispo de São
Paulo, cardeal Paulo Evaristo Arns, Zilda tem toda uma vida consagrada à
solidariedade com as crianças. A Pastoral da Criança, por ela fundada
há 26 anos, vem salvando vidas no Brasil e, hoje, é esperança de vida em
vários países da América Latina, na Africa e na Ásia.
De Chiang Mai, na Tailândia, onde a
encontramos como principal palestrante do Congresso Mundial de Signis,
ela partiu para o Timor Leste, onde a Pastoral realiza um belo trabalho
na área da saúde materno-infantil, sua atividade específica. Sempre
sorridente e solícita, no meio do seu café da manhã, dra. Zilda nos
falou animadamente, relacionando a solidariedade com a criança com o
Mutirão de Comunicação América Latina e Caribe, com o tema do Mutirão: Processos de comunicação e cultura solidária.
"Para preparar o coração solidário é
preciso começar muito cedo com as crianças. Já no ventre materno cantar,
rezar, contar em voz alta o que gente quer que ela seja, passar a mão
na barriga, dizer... 'te amo muito', criando a criança com espírito de
amor. Deus preparou muito bem a criança para ser solidária. Outro
aspecto é o aleitamento materno, onde a criança passa horas recebendo o
carinho, palavras de ternura, afagos da mãe. A criança aprende, assim, a
ouvir, a sentir-se amada, querida. O aleitamento não é importante
apenas para a saúde para o resto da vida, mas é principalmente
importante para o desenvolvimento emocional. A fortaleza de uma pessoa
está na força que ela tem de amar."
O
que dá força a uma líder (pessoas capacitadas para aplicar o projeto da
Pastoral da Criança, 92% delas mulheres, leigas e religiosas) para
visitar uma gestante, uma famíliar, deixar tudo e enfrentar toda sorte
de dificuldades, é amor. A líder, movida pelo amor solidário, é assim
como Jesus no episódio de Emaús: os discípulos estavam alegres, felizes,
Jesus estava no meio deles, eles não sabiam, só o reconheceram ao
repartir o pão. Assim, a líder tem uma alegria extraordinária... chamam a
Pastoral da Criança, a pastoral da alegria, da esperança, apesar de
todo o contato que ela tem com a pobreza, a violência, a exclusão
social.
"A solidariedade é o que realmente salva
as famílias. Na família, todos devem ajudar solidariamente um ao outro,
cada um com seu jeito. Isso a criança deve ver e sentir desde pequena e
ela também ajudando. Hoje, o que mais falta é o espírito de
solidariedade. É a falta de solidariedade que leva à depredação da
natureza, às guerras, à violência em geral. Pela falta de amor solidário
a mãe Terra não é a casa... aquele lar de todos, onde todos têm direito
a tudo. Eu ficaria muito feliz se a comunicação focasse muito a
solidariedade (...) Noto em mim que, quanto mais solidária sou, mais
feliz eu sou. Quando a gente dá, a gente não perde, a gente recebe muito
mais. A solidariedade deve fazer parte na educação, na família e na
escola; isso prepara as pessoas para os limites, para o respeito o que
as torna mais amorosas e as faz viver no verdadeiro espírito de
solidariedade."
Jornal O Solidário - Porto Alegre
Por Attilio Hartmann - novembro de 2009
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